Sede de Obsessão
Bem, escrevi esta one short em uma meia hora, é um recorde, demoro imenso tempo porque nunca encontro as palavras certas xD
Espero que gostem…. :D
Sede de obsessão
-Será que já não te lembras das palavras queridas que me dizias, das nossas conversas mais sinceras, dos nossos passeios a beira-mar, dos nossos momentos, das nossas juras de amor?
-É claro que me lembro! Está tudo aqui, mas as coisas mudaram e não podes negar isso. – Diz ele como se já não se lembrasse de nada.
-Sim, mudaram e parece que tu mudaste com elas.
Vejo uma rapariga a aproximar-se devagar, olho-o nos olhos e vejo-lhe um enorme vazio.
-Tudo se foi acumulando. Tu sabes que eu nunca achei boa ideia continuar a nossa relação estando separados por uma distância tão longa. Desculpa. – Diz ele tentando passar a sua mão na minha cara, mas eu afasto-a logo.
-Não peças desculpas por coisas que nunca chegastes a tentar. Eu fui só mais uma que cai na tua rede, não foi? Como é que eu me deixei levar na tua conversa? Eu fui tão estúpida em não ter dado ouvidos aos que os meus amigos diziam, eles é que tinham razão! Tu não passas de um mulherengo que usa uma e deita logo fora assim que vez que a coisa se está a tornar séria.
-Mas tu foste diferente, eu nunca senti aquilo por ninguém, juro! Mas esta distância durante tanto tempo…, depois começou a juntar-se a pressão do meu pai para acabar os estudos e eu não tinha por onde escapar. Eu tive que mudar e os sentimentos acabaram por acompanhar essa mudança.
A rapariga chega-se ao pé dele e dá-lhe um beijo.
-Vê-se perfeitamente o quanto mudaste! – Digo-lhe em tom de ironia e começo a andar, mas hesito por um momento e volto para o lugar onde tinha estado. – Vais-te arrepender de tudo o que tens feito.
Passados alguns anos eles voltam a encontrar-se no mesmo lugar por coincidência.
-És mesmo tu? – Pergunto para grande admiração minha.
Ele tinha mudado por completo, já não era aquele rapaz imaturo e que não sabia o que queria com quem tinha acabado a uns anos, mas sim um homem “maduro”, que tinha lutado para ser alguém na vida, pelo menos assim parecia.
-Sim, como é que me reconheceste? Eu mudei por completo ao contrário de ti, continuas elegante como sempre.
-Pelo olhar vazio que tinhas na última vez que nos vimos. Continuas igualzinho, atiraste como se isso já fosse a tua vida.
-Bem, posso dizer que isso sempre fez parte da minha vida, mas tu abriste-me os olhos. Fizeste ver-me no que estava a tornar-me.
-E não é isso que continuas a ser? É que das a entender isso. – Digo-lhe com a maior das friezas.
-Não, eu arrependi-me. E queria resolver as coisas contigo.
-Devias ter pensado nisso há mais anos, não agora. Agora já não podes fazer nada, apenas seguir com a tua vida em frente.
-Mas eu não quero seguir em frente sem ti. Depois do que me disseste percebi realmente o que era o amor. Por favor dá-me só mais uma oportunidade.
-Para que? Para voltares a deixar-me sozinha, com uma esperança cega? Desculpa, mas não, já sofri demasiado por tua causa.
Ele olha-me de alto a baixo, aproxima-se de mim e agarra-me no braço.
-Larga-me estas a aleijar-me.
Olho-o nos olhos e aquele vazio passa uma enorme sede de talvez obsessão.
-Sem ti não posso ser ninguém na vida! Sem ti, já não faz sentido eu viver! E se eu não posso ficar contigo, mais ninguém ficara!
-Mas o que estás para ai a dizer? Estás maluco ou que? Para de me empurrar!
Sinto-me cada vez mais perto do fim da estrada do farol, tentava para-lo, mas ele era mais forte do que eu. Estava a uns milímetros de cair da escarpa não fosse ele a segurar-me. Olho para ele e este desvia o olhar.
-Desculpa.
Ele larga-me e vejo-me a cair a uma velocidade impressionante. De um instante para o outro sinto-me leve como uma pena e vejo tudo o que se estava a passar lá em baixo.
Ele estava a afastar-se como se nada tivesse acontecido, entra no carro e beija uma mulher com todas as naturalidades.
Não podia crer no tinha acabado de viver. Eu tinha sido morta pelo homem que mais amei na vida. Mas porque razão tinha-me ele atirado da escarpa se eu nunca lhe fiz nada?
É então que oiço uma voz a sussurrar-me:
-Foi a sede pela obsessão!