Nascemos, aprendemos, vivemos, sofremos e morremos. Ninguém pode escapar, não há nada perfeito, foi uma pura invenção do homem para se iludir a si próprio.
A areia ainda se encontrava meia molhada, tinha acabado de ser maré cheia, o vento começa a levantar trazendo consigo o frio da noite que se ia misturando com o calor do amanhecer.
O olhar não se desprendia do mar, como os pensamentos dos problemas. Encolho-me sobre o meu próprio corpo, sentia o vento gélido a entrar pelas roupas e dissipar-se pelo corpo. Mas o frio que se fazia sentir era o menor dos meus problemas.
Via-me a cair pelo abismo e sem forma de o contornar, como pode uma pessoa animar-se quando não existe nenhuma solução aparente?!
Pode-se mudar o rumo da vida sempre que é possivel, fazêmo-lo todos os dias, nas nossas decisões, até só por prazer. Mas quando nos deparamos com uma situação que nos obriga a mudar, não queremos aceitar isso.
Não consigo conter um suspiro de desespero. A pressão e stress deixavam-me sem caminho a percorrer, mas com uma total noção do que se passava. Quebro o frio do meu corpo e pensamentos, levantando-me. O sol começa a fazer-se notar, tornando o seu reflexo único e mágico “Quem me dera que às vezes também fosse assim”. Os pés rapidamente se afundam na areia, mas isso fazia-me sentir viva.
Tal como a lua e o sol não se misturam, as ondas e a areia também não, ao contrário dos meus pensamentos com a alma.
Uma levada de vento faz-me parar e respirar fundo. O meu corpo começa a aquecer, as forças começam a voltar...tudo começa a ficar mais claro.
-“Melhor?” – pergunta alguém que se põe à minha frente delicadamente.
Era como um anjo caído do céu, divinal!
Os seus olhos verdes com uma mistura de azul e castanho pareciam o céu misturado com a terra, o seu cabelo era castanho ligeiramente curto e com franja que lhe dava um ar doce, era alto, talvez 1,80, o seu corpo era musculado e bem definido. Vestia umas calças de ganga com uma camisa branca que esvoaçava com o vento, dava a impressão de possuir umas verdadeiras asas. O seu sorriso, naquele momento era de uma preocupação timida.
Todo ele tinha conseguido chamar a minha atenção e só pensar no “Como me sentia segura ao seu lado e era capaz de enfrentar tudo com a sua paixão”.
Abano com a cabeça a dizer que “Sim”, o seu sorriso passa para um timido carinhoso.
Desvio o olhar, finalmente, para o horizonte. O sol começa a subir para um céu de azul mais claro a cada minuto.
-“Obrigada pelo casaco” – timidamente as palavras saem.
-“Não tebs de quê” - Sentia o seu olhar cravado em mim, mas não me sentia contrangida, pelo contrário, uma segurança sã sem saber bem porquê. – “Sou o Jared Padalecki.”
O meu olhar fixa-se novamente no dele.
-“Eu sou ...” – não consigo acabar a frase, porque ele interrompe-me.
-“Eu sei quem tu és.” – diz ele com um sorriso lindo. O meu espanto não podia ser pior, nunca o tinha visto. – “Pode soar estranho, eu sei, mas desde que me mudei para aqui tu foste a primeira pessoa que vi e conseguiste captar-me como nunca ninguém o conseguiu. Tenho-te observado e a cada minuto que passa tenho mais acerteza que és tu!”
Não conseguia articular uma única palavra, recuo uns passos atrás.
-“Não precisas de ter medo, eu não te vou fazer mal, seria incapaz de magoar alguém como tu.”
As palavras ficaram por aí, as nossas expressões valiam por elas. Não me consigo conter e abraço-o.
-“Fazes-me sentir segura, conseguiste enfeitiçar-me pela tua beleza e tocar-me no coração com esse teu sorriso.” – sussuro-lhe ao ouvido.
-“É esse o meu dever”. – ele mexe-me no cabelo, afastando-o da cara – “Deixa-me ficar contigo, seremos um só e juntos carregaremos esse fardo. Comigo ao teu lado não terás de viver de coração fechado.”
O seu corpo encosta-se ao meu, juntando a sua cabeça à minha na minha, não deixando quebrar o olhar entre nós.
-“Deixa-me ser o teu anjo da guarda.”
Sorrio-lhe e pego-lhe nas mãos.
O sol, todo poderoso, mostra o seu brilho, obrigando-me a fechar os olhos e quando os volto a abrir, não vejo o Jared, mas sim um verdadeiro anjo.
-“Não temais, está na altura de seguires em frente...” – Diz o anjo em som de eco.
O clarão faz-se notar novamente e novamente fecho e abro os olhos. Encontrava-me no mesmo lugar, as ondas rebentam muito próximo da nossa beira, olho para o mar e suspiro profundamente.
“Sim!” – o meu olhar vidra-se nele, passo-lhe a mão pela cara e cabelo e como uma leveza de vento afasto-me dele. Deixando-me levar pela brisa, começo a correr pelo areial seguida pelo meu Anjo da Paixão.
“Faz tudo por paixão” by Jared Padalecki