Eu apenas queria ter um vida simples, como nos filmes, mas isso é impossível, afinal são apenas filmes que retratam a realidade que as pessoas querem e não a verdadeira em que vivem. Apenas desejava que as coisas fossem mais simples, sem confusões, sem dicussões sem fundamento, sem problemas que não cabem na cabeça de ninguém. Só queria conseguir sentir que sou eu que vivo a minha vida e não os meus pais que a querem viver por mim, que se metem a torto e a direito com a desculpa que é para meu bem e que mais tarde vou dar valor. Bem, paciência se cometo erros, é com eles que aprendo e não com eles a tentarem proteger-me como se já não soubesse pelo menos um pouco o que a vida custa. Não entendo, eu não sou mimada, sempre fui poupada, sempre compreendi a nossa situação, já levei tantos “não” que já lhes perdi a conta só para os contentar, para tentar ser a filha perfeita que eles querem, mas abdiquei de mim, de ser quem realmente sou, uma adolescente que quer viver como outro qualquer. Foi então que pude ser quem realmente sou, sem máscaras, com amizades onde eu dou a minha opinião e não é por ser diferente que vão falar nas minhas costas, num lugar onde consigo rir, onde me sinto segura, onde encontrei o meu lugar. Porque é que não posso simplesmente viver assim, sem problemas, sem pressões, apenas o que eu quero para minha vida. Não sou orgulhosa apenas quero ter a oportunidade de ter um futuro que eu quero e não que eles querem! Seguir o que gosto, seguir o meu caminho sem uma rede para me segurar quando cair, seguir com o que é importante para mim, ter independência, liberdade, oportunidade.
Eu não os odeio apesar de dar essa impressão, são os meus pais mas quando olho para eles só sinto mágoa e penso que já não aguento mais as tretas deles, que quando sair de casa é para não mais voltar porque é difícil ver os outros a poderem sair e eu ficar em casa a chorar porque eles são assim e eu já tentei, várias e várias vezes, fazê-los entender mas continuam e só me resta conseguir imaginar a esperança que ainda há uma luz ao fundo do túnel.
Sinto-me apavorada com os próximos dias e meses e eles não se importam com isso apenas dizem atrás das portas “viste a cara dela?”, com que cara hei-de estar se há a probabilidade de vir a viver um futuro que não vai de encontro ao que realmente quero. É penoso acordar e pensar que posso vir a ter o que eles querem e não o que quero e que por causa disso posso vir a perder quem realmente sou, a minha essência fechada numa caixa ou então vir a ter o que eu quero e tentar ser feliz à minha maneira .
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