amargo limão
Desde pequena que nunca sonhei com o meu casamento, como os à minha volta falam, nunca fui muito do amor que contavam nos contos de fadas, apenas gostava de saber que terminava com um “e viveram felizes para sempre”, ponto, final da história. O que me fascinava era o drama das novelas e secretamente desejava que a minha vida tivesse mais emoção como o tão real faziam parecer por detrás daquela televisão. Não deveria ter desejado tanto isso, a vida veio a provar-se uma amarga lição, como a sensação quando fui obrigada a comer um limão numa praxe. Todos os músculos a “virarem a cara” aquela sabor que as pupilas gostativas captaram e o cérebro a fazer os possíveis para mentalizar o resto do corpo que aquilo no fundo não era assim tão amargo e tinha que comer até ao fim como o meu segundo seguinte depende-se disso.
No mundo da televisão parecia tão fácil sair do meio de um desastre, todos ajudavam e por fim deixava de doer como se uma fada madrinha tivesse agitado a sua varinha para aquela dor desaparecer. Era aquele retorno à vida que me fascinava, supostamente aquele sentimento de ter problemas num dia e no outro já estar tudo bem, sem ter deixado qualquer cicatriz. Era tudo tão simples mas era ficção, é amarga e deixa cicratizes umas mais profundas outras mais leves e não é por uma varinha mágica que passa mas sim por acreditar o amanhã pode ser melhor.
Às vezes é como se ainda vivesse nesse mundo e não acordasse para o mundo, vivendo conforme as novelas que via na televisão. Encarar a realidade é difícil porém há uma coisa que nem as novleas são capazes de demonstrar o quão forte é. O amor.
Todos anseiam por um final feliz, se isso acontece? Depende de como cada um interpreta o significado de tudo por que passou. Eu não quero um final feliz, mas sim um dia feliz. De toda a solidão foi o amor que me trouxe à realidade aquele amargo limão.