Perdi a conta a quantas vezes abri a página para escrever, mas a preguiça ganhava. O meu coração dizia para escrever, só que as conquistas falaram mais alto e o corpo que exigia descanso e o "bom não fazer nada". Tantas ideias que nunca foram escritas nos dias de chuva, a tua falta batia mais forte e as lágrimas arrastavam com elas o entusiasmo de libertar a alma.
No meio das tão aguardadas férias, depois de quatro anos, sempre pensei que iria ser mais fácil estar em casa, pois a bomba tinha rebentado. Por mais que valorize, e mais uma vez enganada pelo meu coração mole, há sempre algo que surge como uma nova desculpa de não serem capazes de aceitar a realidade que nunca esteve tão visível. Não é o lugar a que posso chamar casa quando me sinto um pássaro fechado numa gaiola. Nesse sítio a que retornam todos os maus sentimentos, aqueles 18 anos a sofrer em silêncio, com o sorriso a disfarçar as feridas. Os dias pareciam semanas, os monstros constantemente à espreita, a distância e saudade a fazerem-se sentir pesadamente, a dor de não ter o escape de desculpas para me poder livrar da nuvem negra por umas horas. Apesar de ter voltado a sentir um pássaro fechado numa gaiola e lágrimas de revolta, ... , derramadas, existia a luz que não tarda ia ter um novo capítulo!
Não sei o que é estar de férias ou o que fazer com tanto tempo livre, sem aquelas preocupações constantes que pesavam tanto no meu coração. É uma nova sensação de liberdade e poder, olhar para o horizonte com um sorriso cauteloso.
É mais um capítulo, depois de conquistas que levaram tanto esforço, lágrimas, stress, reclamações. Continuo bastante assustada com o que o futuro que me espera, mas pela primeira vez em muito tempo sei o que quero e como lutar por isso. Existem bastante dúvidas e medos, mas continuo a dar o meu melhor para esconder com um sorriso e viver um dia de cada vez! De volta à rotina, de volta ao ambiente em que posso ser eu.
Continua a não ser fácil lidar com a distância, as saudades e nunca o vai ser, mas já falta pouco... Um misto de entusiasmo e excitação, com receio e medo do desconhecido. Não consigo parar de pensar, há sempre novas memórias que vão surgindo. Aquece o coração, as palavras ditas que me tocam e me fazem sentir ainda mais, mas também temer pelo o que vêm a seguir...
Não sei se estou preparada, continua a faltar uma parte de mim, é uma falta que só aumenta a cada dia que passa. Após um ano com tantas mudanças e que tanta influência teve sobre a minha maneira de pensar e ver o mundo, fui obrigada a crescer em certos aspectos e levo comigo lições. Guardas da memória e no coração.
Como tudo na vida, o que é bom acaba cedo, vêm novas situações que preciso de saber lidar e continuar a aprender e construir-me no que quero vir a ser. O que importa é focar-me no bom e sorrir porque é tempo disso.
Agora as palavras da primeira vez deixam-se abismada porque era exatamente isso.
Acreditas-te, quando mais ninguém era capaz diso e aqui estou, aqui estamos...