não consigo respirar
De repente a ansiedade decide vir dizer um olá e instalar-se. Aquele sufoco no peito que torna difícil a respiração, aquela dor embulhada em emoções que não desparece, apenas permanece a rasgar ainda mais as feridas.
Pensava que iria haver mais tempo para me habituar as emoções. Senti-me, quase, de novo naqueles momentos em que ficava parada a aguentar o choro, antes de encostar ao carro e cair em choro e dor, quando o via a ir embora. Aquela dor profunda de ser obrigada a largar à minha liberdade, privacidade e independência para voltar à vida, ainda mais, infeliz. Mesmo sentindo-me de coração partido e longínquo, tinha o meu espaço onde conseguia sentir-me bem no meu espaço privado, a minha liberdade e independência que me faziam sentir que era dona de mim mesma e que teria que ser capaz de tirar o maior partido disso e continuar a lutar por quem queria ser. Não existem esses sentimentos neste espaço carregado de uma enorme nuvem negra que se entranha e turva a visão.
É um jogo de emoções e sentimentos, uma encruzilhada em que cada caminho traz consequências irreversíveis, neste mundo que não é bondoso. O retorno ao fundo do poço é rápido e sem avisos, e o que vêm a seguir é ainda mais assustador e frustrante.
Não passaram ainda dois dias, já me sinto morta por dentro. Voltar aquele estado de depressão, onde não existe vontade para sair da cama, vontade para cuidar de mim própria, vontade de colocar empenho no que gosto de fazer e me ajuda a fugir desta realidade. De volta a estar encolhida no meu canto, a querer lutar mas sem a força ou a vontade para fazê-lo porque não existe aquela presença que dê alguma cor ao dia.
Um espera engrata neste mundo adulto, uma pessoa que quer crescer mas não a deixam por exigências que não fazem sentido, uma mente que quer lutar mas é oprimida por outras que não sabem aceitar a mudança, um coração que quer só quer tentar ser feliz...