Onde é que me agarro?
Quero agarrar-me a algo, mas à minha volta só sinto o vazio. Sem dar conta, dei por mim perdida e desanimada perante um mundo que não abranda. Quero sentir algo, só vejo as emoções a passarem à minha frente. Tento agarrar-me as palavras que conseguem tocar no meu coração mole, reconfortante. Só que aquele silêncio grita ao meu redor.
Aquele tremor que me faz voltar a realidade. É verdade, estou distante, distraída. Eu apercebi-me, só não sei como parar este comboio que não para de passar à minha frente. Não sei como perdi motivação para continuar a lutar pelo lugar onde estou, para as coisas em que sou boa e me fazem sentir realizada, para as tarefas do dia a dia que passaram a ser simplesmente automáticas.
Perdi-me, não sei a razão certa, talvez tenham sido várias. Isto de ser jovem adulta, são sentimentos e emoções arrebatadoras. Um momento tem que se saber ser adulta, quando por dentro só se quer continuar a ser aquela jovem que põe as responsabilidades e preocupações num canto e apenas vive para viver! Um outro momento não dá para fugir, responsabilidades, dinheiro, preocupações do presente e futuro, tentar ser o mais racional possível apesar de haver aquele murmúrio constante de medos.
Estou a tentar combater esta moleza, este sentimento de procrastinação, esta emoção de vazio. Parece que é mais fácil apenas deixar ir às coisas com o vento e ficar parada a olhar, mas nesses instantes perde-se o rumo. Retornar ao caminho certo exige auto-disciplina, auto-controlo em diversos campos, não num só, e é esse ponto que torna tudo mais complicado. Ter motivação para pequenas partes vai aparecendo, no entanto, para um todo não surge de um dia para o outro. É preciso ter uma luta interna que exige energia mental de um corpo fragilizado que esta assustado com este todo assunto de ser jovem adulta.