Em bicos dos pés sobe as escadas de metal, entra no quarto e poucos segundos depois segue o gato que vai deitar-se no aparador. Liga o humidificador, coloca no programa de passar pelas sete cores, posiciona os cristais em pontos específico ao redor da cama. Desliga a luz, coloca uma playlist para criar ambiente, despe o robe e deita-se na cama.
A passar as mãos pelo corpo, a ativar as sensações e a centrar-se no presente. Estica o braço para o lado e sente o frio do dildo de vidro. Tira a única peça de roupa, descendo lentamente pela corpo, a sentir o tecido nas pernas. O frio na pele sensível mas irrigada, desperta o prazer. Para tornar o momento mais ardente liga o satysfier.
Movimentos suaves e repetitivos. Sensação de prazer em ondas. O corpo e respiração seguem esses movimentos. O corpo e mente sincronizam-se. Aquele fogo interior cresce e cresce. Frio no quente, texturas com movimento, vibração com cinestesia do corpo. Tensão com relaxamento, mente à espera que o fogo continue a crescer. O culminar aproxima-se, o corpo prepara-se e a voz sai sem controlo. Uma dinâmica sincronizada entre as sensações, fluxo crescente, azafama da voz a expressar o prazer. E assim perdura por longos e demorados segundos, múltiplos impulsos.
As ondas após o culminar invadem e percorrem o corpo, alerta, desperto, comandado pelos impulsos dos toques. E as lágrimas de choro desabrocham. Rios que percorrem a cara, até serem afagados pelo cabelo. O corpo movimenta-se suavemente. Leva as mãos à cara para tapar a pouca luz a entrar do luar no quarto. Sentir o molhado salgado, absorver toda a libertação.
O corpo pulsa por mais. As mãos descem pelo corpo despertando a pele até ao monte irrigado. A dança recomeça, as lágrimas a secarem e a ressecar a pele, uma mão a passear pelo cabelo, a zona pélvica a acompanhar a vibração e textura. O extâse chega, um som que não sai, mas ecoa internamente. A tremulação percorre cada músculo, um fogo interno a espalhar-se e a expressar toda a explosão interna.
Lágrimas que rapidamente se transformam em rios. Um choro profundo e libertador. E assim fica. O corpo vai sossegando, abraçada a si mesma, vai recuperando a respiração de tanta desobstruir. Segundos que dão lugar a minutos. Parada, pensativa, silenciosa, caída sobre o peso de si mesma.