Clareira
Ela esta presa entre a realidade e a imaginação.
Ali esta ela, em frente a um portão velho semi aberto.
É final de tarde, as cores do céu misturam-se em tons de laranja-vermelho-rosa, uma doce explosão. Em contraste, com uma tempestade de trovoada que se aproxima, um céu escurecido por nuvens carregadas que levantam um vento quente e pesado.
Os cabelos dela voam com as vagas de vento ao seu redor, os seu olhos oscilam entre aquele pôr de sol harmonioso e entre aquele portão semi aberto que leva a um caminho sem fim, causado pelo cair da noite de tempestade. Após alguns minutos de impasse, a admirar aquela explosão atrás dela, decide adentrar. Empurra o portão enferrujado e começa a avançar naquele caminho escuro estreito.
Ela sente as ervas altas a roçarem nas mãos, o ar quente da tempestade faz-se sentir agitando todas as formas à sua volta e no seu caminho. Começa a anoitecer, os raios de sol vão desvancendo e dando lugar a brilho de uma lua cheia, escondida pelas nuvens. O seu olhar começa a habituar-se à escuridão que se instala, consegue perceber as silhuetas das ervas altas e algumas árvores espalhadas por aquele campo aberto.
Com a noite instalada chega a um descampado, onde se deita sobre as ervas a admirar o céu, com aquele luar escondido pelas nuvens. O vento quente continua a fazer-se sentir, fazendo os seus cabelos e roupas esvoaçarem. Ela fecha os olhos por uns minutos e deixa-se sentir através dos outros sentidos.
Por aqueles momentos, ela sente-se viva. É capaz de sentir o vento a movimentar as ervas ao seu redor, o som da noite, os grilos, as corujas, o suave assobio do vento, o cheiro a quente e húmido no ar. Não é uma anarquia de emoções e sentimentos, é uma alma livre e solta.