como foi ter vivido sozinha
Verdade seja dita, há alturas que sinto falta do meu próprio espaço, dos quartos acolhedores que construi nesta cidade e as próprias casas onde vivi. Afinal finalmente tive a tão desejada liberdade e têm sido anos incríveis.
Agora que estou novamente a viver tão perto da primeira casa, ainda sinto mais nostalgia da primeira casa. O quarto podia ser pequeno, mas tinha bastante arrumação, varanda e o melhor ter cama de casal! Foram 5 anos, bastantes memórias, histórias e um roda vida de emoções que aquelas quatro paredes vivenciaram. Durante uns 3 anos ainda tive companhia, no entanto eu estava a começar e ela acabar e a partir dai começou o ciclo de viver com pessoas desconhecidas. Pensei que até iria ser bom porque iria conhecer pessoas novas, no entanto haviam ritmos de vida diferentes, pessoas que não eram muito dadas e o facto da casa não ter sala também não ajudava. Deveria haver o mínimo de saber viver em convivência e muitas vezes isso não existia. Eu estava habituada a ver as minhas amigas a ter uma boa amizade com as pessoas com que viviam e a ver-me numa situação completamente oposta, não gostava mas acabei por me habituar, fica indiferente e ir à minha vida.
Acabada a licenciatura, com o senhorio a pedir para todas sairmos porque ia arrendar a casa a uma família e um futuro incerto, infelizmente tive que sair daquele quarto. Custou-me um pedaço do meu coração, não só porque tinha que voltar para a terrinha, mas porque significou liberdade e independência.
Felizmente voltei para mestrado e tive uma sorte de conseguir encontrar uma casa de repente, a meio de um dia de trabalho, apesar da correria que foi aquele dia. Apesar de já não ter cama de casal e tanta arrumação, o quarto era bastante espaçoso e era óptimo acordar com o sol a entrar-me pela janela. Das melhores sensações, sentar-me no chão a apreciar aquele calor na minha pele, ganhei dai o hábito de agora adorar passar o final da tarde a saborear o sol que entra neste quarto. Desta vez era um ambiente diferente mas familiar. Pode ter sido pouco tempo, mas há boas memórias e histórias daquela casa, especialmente de quando finalmente tive a possibilidade de ir viver com uma amiga. Jantares random que fizeram história e nós apenas a olhar e a rir. Não se comparam aos jantares do nosso antigo grupo que eram épicos, quem têm amigos gay's entende bem o que isto significa, há tanta história para contar sobre isso um dia mais tarde. Devido a desta vez ter sala, felizmente havia mais convivência. Estava com a esperança que desta vez viesse a ser diferente e felizmente foi. No entanto, o ambiente as vezes era um pouco estranho, por timidez, pelo jeito de que cada pessoa é diferente e por já não ter paciência e apliquei o lema de se queres uma coisa bem feita, mais vale seres tu a fazê-la. Adorei ter conhecido a alemã, voltar a interagir com erasmus; ter conversas de encontro na cozinha que acabavam por ser horas que nem sabia que tinham passado; ter podido fazer uma pequena diferença e criado uma nova amizade com tanto em comum.
Agora é um novo capítulo que já esperava a tanto tempo...