Contravolta
Quero escrever, mas quando chego o momento as palavras fogem-me. Sinto-me encurralada em mim mesma. Ou a minha mente encurralada nela mesma com um corpo a ajustar-se.
O caminho do coração, o caminho do raciocínio. O caminho da vida adulta, o caminho da criança assustada dentro de mim. O caminho de uma vida dentro e o caminho de uma vida fora. O caminho do robô, o caminho da espiritualidade.
Perder para me encontrar, renascer com o sangue, estar parada para correr. Tanto carrego nas costas largas, sozinha. E esqueço que não o preciso de fazer, porque o nunca estive.
O que é meu e o que não é meu, o que vem agarrado, o que teimo em não largar, o que carrego e pesa desnecessariamente. Desligar para não sentir. Cansaço para dormir, respirar para viver.
Tentar, controlar os pensamentos, controlar o corpo. Sentir e deixar ir. Uma segurança vaga. Um vazio, um desconforto. Uma purga. Um olhar nos olhos do ego, do corpo maltratado, da alma rasgada e atormentada. Um reencontro, uma redescoberta. Decidir, escolher, realizar ações, esperar, desesperar.
Insights. Pensamentos em volta e contravolta. Mensagens que afluem.
Criar limites. Dizer não. Ficar comigo. Olhar para dentro. Ser o escuro. Ser a luz. Ser um ser.