cuida de ti!
Enraizar, conectar profundamente, têm sido as palavras de ordem desde o primeiro dia que fiquei em casa. No entanto, só no domingo é que senti que estava enraizada e conectada, mas também foi quando vieram todas as emoções ao de cima, colocadas a um canto dada toda a situação.
As saudades pesam e tudo em mim grita para voltar para Portugal, porque ao menos tenho o conforto que me falta aqui. Evito pensar que este fim-de-semana ele podia cá estar, ou que nesta quarentena ia voltar a ter aquele mês de dezembro em casa que me soube tão bem. A Bélgica também tem a sua ironia, porque têm estado dias constantes de sol e dias perfeitos para ser turista. Notícias, só sei pelo que me dizem porque decidi desligar para não me sentir a ser puxada para aquele ciclo de ansiedade e sentimentos que me vão levar ao desespero de estar longe de casa.
A minha rotina tem sido muito centrada em ioga e meditação, enraizar-me e ir mais a fundo neste processo de desenvolvimento pessoal e conectar-me com o verdadeiro eu, dar prazer a mim própria e não podia faltar o netflix & chill. Estou em teletrabalho, mas agora o que não falta é tempo. O que pode ser traiçoeiro, porque a vontade de ficar a fazer absolutamente nada é enorme, mas depois contando os dias que faltam e os que já passaram, é preciso ter algum sentimento de propósito.
Não diria que estou bem, o medo e a incerteza estão de mãos dadas, as saudades fazem um nó no coração. Há dias que passam melhores que outros, pelo meio há bastantes mudanças de humor. Uma semana já passou e agora é que vai custar verdadeiramente a passar. Sinto falta da liberdade, de saber que a qualquer momento se podia viajar livremente pelo mundo (porque agora não sabemos quando vamos voltar a estar nos braços um do outro). Ironia do universo, quando acabo por ter toda a liberdade e estar a começar a aproveitá-la, é tirada e volto a estar sozinha, desta vez verdadeiramente no seu significado. Felizmente, já não sou mais aquela pessoa que não era capaz de aguentar a solidão, mas não é por isso que não deixa mais alguma ferida e teima em ir abrir outras que se estavam a curar.
Um dia de cada vez, a cuidar de mim, a tentar estar o mais sã possível, não cair nas presas do despero. Aproveitar o tempo para o que me mantém ocupada e em contacto com universo.