Desafio dos pássaros #10 - Já chegamos? Já chegamos?
O avião estava lotado, o barulho dos motores era ensurdecedor. As crianças a bordo só sabiam dar gritinhos e estar constantemente a perguntar "Já chegamos? Já chegamos?". Apesar do lugar dela ser em cima da asa, tinha tido a sorte de estar no lugar à janela. Coloca a música no volume máximo para abafar aquele caos de sons à sua volta, e fica a deslumbrar a paisagem pela pequena janela. Tinham levantado voo a pouco tempo, mas já se começavam a formar cristais na parte inferior da janela e o frio da altitude começava a criar arrepios no corpo. Aconchega-se no seu lugar, cobre-se melhor com o casaco peludo ao xadrez. O seu olhar fica vidrado nas nuvens que estavam abaixo, pareciam algodão doce, nos tons de azul e rosa que se misturavam, no rasto que outros aviões iam deixando naquele céu tão limpo e iluminado. A sua mente vagueia por toda a mudança que esta prestes a acontecer, a saudade já aperta no coração, sente-se tão pequena e sozinha, a lágrima começa a escorregar no canto do olho. Mas ela tenta focar-se nas memórias que lhe enchem o coração de alegria e excitação.
Dias longos de verão, o calor fazia-se sentir e sem uma casa vazia para estar, o lugar escolhido era sempre o rio. Onde se conseguia ter um pouco de aragem fresca e sombra. Outra coisa presente, era a excitação e procura constante de prazer. As conversas intensas, os toques a provocar.
Ela com o calor tirava sempre a pouca roupa que tinha e acabava a fazer nudismo.Ele não se continha. O olhar prazeroso, passava a mãos descobrirem uma vez mais, cada centímetro daquele corpo nu. Beijos intensos e sofrêgos. Em segundos ele também já estava nu e avantajado. Uma toalha servia como colchão, um terreno a descer, pedras e paus que magoavam como pregos o corpo, que com o tempo e posições deixavam marcas e nódoas negras, especialmente nos joelhos. O suor e calor não impediam o sexo intenso, o ritmo ardente que fazia os corpos gemerem por mais, a intensidade dos orgasmos que só a natureza calava. O risco de poder aparecer alguém e ter que estar atento aos sons a redor, que em segundos se desvaneciam com o prazer entre dois corpos sedentos de prazer, só aumentava a adrenalina.
"Já chegamos? Já chegamos", assim a chamou de volta à realidade.