Desafio dos pássaros #14 - Não nasci para isto
Porque é que não podiam aceitar que ela era assim e tinham que acabar sempre a copia-la? Por menos importância que ela desse e até tentasse ver isso como forma de orgulho, havia dias que o balde enchia até à última gota. Mas não valia a pena debater-se nisso, porque afinal ela sempre quis inspirar os outros e estava a consegui-lo. Apenas a maneira como as pessoas demonstravam era forçado e drástico, tinha apenas que aceitar e continuar com à sua vida.
Havia mais coisas para as quais não tinha nascido. Quando a forçavam a algo com que ela não se sentia bem ou ia contra a sua essência. Se ela era livre porque é que não podia fazer as suas escolhas? Porque tinha que ir agradar as outras pessoas só para lhes fazer à vontade?
A ironia é que por mais que a sua paciência fosse nula, automaticamente e inconscientemente punha uma máscara e estava tudo bem. Deixava-se ir para agradar e engolia a sua verdade. Preferia ficar no seu canto a observar e a acenar, até chegar a casa e gritar às paredes à sua frustração. Via-se a ser puxada para situações e era deverás desgastante.
Foi uma lufada de ar fresco, mas frio, ter saído daquele círculo vicioso. Apesar de ter levado uma enorme chapada da realidade, da responsabilidade acrescida de ser adulta, era finalmente completamente livre. Pronta para ser quem era e quem poderia ver a ser, sem máscaras, sem expectativas, sem pesos.
Porque afinal, ele iria ter com ela! Na sua cabeça já rodavam inúmeros planos, como sempre. Um novo começo, mas o continuar de algo tão lindo. Não era à sua cidade de eleição devido ao clima, mas o seu coração encontrava o conforto necessário no dele. Isso bastava-lhe para sorrir e sentir aquele calor de amor e gratidão.
Faltava descobrir se haveria mais coisas que não seriam para ela!? De certeza que havia. Esgotam a paciência, mas uma pessoa acaba por aguentar até ser capaz de superar ou sair por cima.