É só mudar o 4 para o 5, faz favor!
É altura de trazer a reflexão em relação a 2024, no entanto, o que sinto é que foram espinhos num mar de rosas secas. Foi tumultuoso, exigente, pesado.
As imagens que me veem à mente, são daquela trend do "eu" de janeiro a explicar como foi o ano para o "eu" de dezembro, e este ter uma expressão de incredibilidade por tanta mudança e o rumo que as coisas levaram.
E mesmo indo pela galeria de fotos, para tentar lembrar-me, deixa a desejar e decidir apenas voltar a fechar a aplicação. Foram provas constantes, mas é isto que é realmente a vida adulta. Um ano daqueles!
Aquele projecto que deixou-me tão entusiasmada e no qual o meu nome ficou conhecido, desapareceu como algo que se perde para nunca mais ser encontrado. Aquelas férias sempre tão desejadas, não foram planeadas e esses dias foram passados com uma gripe que deixou-me a vaguear entre o sofá e cama. A possibilidade de voltar a usar técnicas que aprendi, aconteceu, mas veio com consequências do acaso e acabou num final triste. Uma bofetada que ficou bem marcada no corpo e no psicológico, onde as rédeas foram soltas e tudo foi desmoronando aos poucos como um castelo de areia ao longo do tempo. Eu própria vi-me a perder, sem conseguir ter a energia para agir, porque os dias tornaram-se opressivos. O inevitável aconteceu, nunca ninguém está preparado para como se é tratado. Números e mais números, esta sociedade que apela pelo bem-estar, mas na realidade não quer saber ou sabe como agir ou reagir.
Males que vem por bem.
A escrita foi um escape necessário, e consigo ler perfeitamente a minha evolução. Enfrentei-me a mim própria! Passei a dedicar-me ao corpo e mente e fazer o que mais amava! escrever, dançar, evoluir. Realizei um sonho de adolescente, e ver os ídolos que a deixaram tão feliz e a mim tão orgulhosa por ir sozinha. Entrei na casa dos 30, com uma imagem e circunstancias que não esperava. Obtive respostas para as perguntas que atormentavam-me, não é normal, mas tudo tinha uma explicação. Oiço-me e cuido-me com o que consigo. Obrigada a desacelerar, re-habituar-me, dar um novo sentido aos dias e a mim mesma.
Estava num buraco onde via a luz, mas não conseguia sentir verdadeiramente (mesmo que estivesse a viver o momento com a maior das intensidades). Despersonalização tornou-se uma arma e um escudo.
E a cereja no topo do bolo, foi estar de volta ao país que amo, e nunca ter-me sentido tão deslocada. O tempo, a comida, as paisagens são um conforto gigantesco para a alma. É isso, pouco me liga à terra, poucas as pessoas. A minha rotina e desenvolvimento enquanto adulta não foi aqui e a lacuna só foi aumentando. É um sentimento agridoce e desmotivador.
Preciso do meu espaço pessoal, da minha liberdade, do lugar onde as minhas asas têm espaço para voar.
Que mude o número
Não continuará a ser fácil. Será continuar a olhar em frente. Carregar estes meses e o conforto que trouxe. Ir na direção do amanhã, a trabalhar com o presente.