Pensar no meu futuro deixa-me cada vez mais apavorada.

Quando terminei o secundário e escolhi o meu curso de licenciatura não fazia ideia da quantidade de opções que havia, não conhecia quase ninguém que andasse na universidade e me explicasse como as coisas eram e escolhi uma área que me levasse ao que queria e pronto. Gostava de naquela altura ter a noção que tenho agora, não me arrependo de escolher o que escolhi. Mesmo com as dificuldades que tem aparecido estão a ser os melhores anos da minha vida, conheci pessoas formidáveis que me fizeram descobrir quem sou, e esta experiência universitária fez-me dar valor a mim própria. Sinto orgulho de mim, do que já conquistei até hoje, do que já fiz e tenho conseguido vencer e, no fim de muitas lágrimas, continuar com a cabeça erguida.

Com a crise que se enfrenta no país, vir a fazer mestrado ou vir para casa trabalhar enquanto arranjo um emprego na minha área esta a ser uma enorme incógnita que me corrói por dentro. Era ótimo se saísse e arranja-se logo emprego para me sustentar, mas é mais um sonho que uma realidade. Se vou para casa vou deixar de ter a minha liberdade, voltar aos 18 anos e estar condicionada e questionada a toda a hora. Já tenho a minha vida e as minhas coisas e não sou capaz de abdicar disso agora.

Isto parte-me o coração, sei que tenho que fazer o que acho que é melhor para mim e para o meu futuro, mas o meu coração mole não é capaz de pensar no como as pessoas à minha volta vão ficar perante a escolha que fizer. Sou uma fraca por não ter coragem, mas é aquele medo enorme de já ter recebido tantos “não” na minha vida que de cada vez que oiço mais um, é como se o meu coração perde-se mais um bocado.