linha ténue
Estar aqui tem sido uma experiência a todos os níveis! É o tempo para mim mesma, para me descobrir e conectar-me, para ser quem eu realmente sou sem colocar máscaras que a sociedade nos obriga.
Há dias que são mágicos porque acontecem coincidências que não são coincidências. Os sinais, que era suposto aqui estar e que precisava desta aventura, continuam a aparecer. Meio que já perdi a conta aos deja-vus que tenho tido, só que ao contrário dos que de vez enquanto tinha, estes não são assustadores, mas como mais uma prova que tenho alguma ligação com esta cidade.
É ótimo ter a liberdade que sempre desejei, mas a linha também é muito ténue. Há dias que me sinto completamente conectada comigo e com o universo, mas outros em que é o oposto e isso acaba por me trazer frustração, toda a saudade, todo o sentimento de estar sozinha. Sou uma pessoa caseira, posso dizer que um pouco de bicho do mato, uma pessoa tímida que não gosta de se meter no meio dos grupos que já estão feitos. Algo que devia contrariar, mas o cansaço acumula-se e o tempo onde raio de sol é raro, não ajuda. Sinto falta da natureza, ter a vontade e pegar no carro, ir até a praia e ficar ali a sentir o cheiro a maresia, os pés na areia. Especialmente naqueles dias azuis e com imenso sol, que aquecem o corpo e alegram a alma.
Quando cheguei conheci uma espanhola que é a minha companheira de conhecer a cidade, mas ela tem períodos que não esta cá, e é aquela pessoa que não gosta de beber. Os portugueses como já cá estão há algum tempo, nem sempre saem assim tanto e cada um tem a sua vidas, e não gosto de ser aquela pessoa a ser chata e me meter o meio (defeito, talvez devesse ser eu a chegar e combinar...). E agora todos os fins-de-semanas há uma tempestade nova (acho que só houve 2 ou 3 em que o tempo esteve bom, no sentido de ir à rua e não ser puxada pelo vento e levar com chuva na cara) e acabo por ficar em casa, fico a descansar e a colocar coisas em ordem, mas quero sair e ir descobrir mais da cidade.
Conheci uma pessoa , das quais pensamos que só encontramos nas séries, mas existem na vida real (o mundo é mesmo vasto e ao contactar com outras culturas ficamos abismados com o que se passa e como cada pessoa tem caminhos e historias de vida tão diferentes e profundas). Sendo o coração mole que sou, gostava de a conseguir ajudar e mostrar que apesar de haver dias maus e uma vida que não foi a melhor até agora, é sempre possível tentar mudar. Só que existe o lado de me deixar influenciar e levar demasiado e acabar por ir por um caminho que não quero de todo. Já vivi o inicio dos meus anos 20, em que sinto que aproveitei, diverti-me e trago imensas memorias comigo. (Eu sei que ainda sou nova, ainda tenho muito para viver, apesar do meu pensamento de pessoa mais caseira e que gosta do seu espacinho) Óbvio que não me estou a fechar a essa experiência aqui, quero sair e beber, quero ir a festas e dançar, mas a minha maturidade e forma de ver o mundo é outra.
Encontrar e gerir o balanço, é o que tem sido a prova de todos os dias.
Entre gerir as minhas emoções e sentimentos, sair de fora da minha bolha, ouvir o que o meu corpo precisa e dar-lhe isso. Colocar-me como prioridade. E continuar no meu caminho...