Não é páscoa, é JUDAS
Acordo com um sentimento tão forte de saudade. Quero abraçar os meus pais. Vou ao telemóvel e tenho um vídeo das minhas amigas na queima do judas e vem toda aquela nostalgia e tristeza de perder o espectáculo que é tradição. O gato ao meu lado começa a lamber-me e a pedir mimo, enquanto as lágrimas caem e a minha mente vagueia pela memórias deste dia. Andar de casa em casa, a visitar família e a conviver entre comida. Na aldeia, em dias quentes de primavera.
Páscoa não é a tradição do cristianismo, é festejar a chegada da primavera. Passar das trevas para a luz, o renascimento da terra. É a reunião entre as pessoas. É o espírito e a adrenalina de queimar um boneco que contém tudo o que esta de errado com a sociedade, uma sátira que foi dada uma forma e nome, JUDAS.
E ao ser imigrante, é "perder" isto tudo. O que dói, traz tristeza e saudade. Um JUDAS que carrega este peso, de sair à procura de algo que encaixasse e fosse melhor, de abandonar o conforto do país, de ter quilómetros de distância a separar-me das pessoas amo. De lidar com pesos que demoram a ser identificados.
A crescer como uma adulta emigrante, e um judas enorme dentro de mim!