O adeus à independência
Após 5 anos, ter ganho a minha liberdade pessoal e a minha independência, voltei aquela prisão que me prendeu durante 18 anos. Passou incrivelmente rápido, mesmo quando estava prestes a acontecer continuava a parecer tão distante.
A minha casa é Aveiro! Parece poucos anos, mas vivi e cresci tanto nesse tempo, descobri quem eu era e como a felicidade se parecesse. Desde que ele voltou, apesar de não ser fácil desapegar-me do lado emocional, foram momentos tão bons. Voltar à rotina, criar novas memórias e sentir na pele como é voltar a sorrir, sentir-me em casa, ser feliz. As últimas três semanas, quase, que compensaram os 10 meses. É um sentimento de nostalgia e tristeza, mas que carrega aprendizagem e que realmente me viu tranformar na pessoa que sou hoje. Todas as memórias, as amizades, as vivências, mesmo os momentos maus e de stress...
Quando era pequena costumava ir passar férias à Aveiro e talvez por causa disso tenha, também, a escolhido para estudar e tornou-se naquele lugar tão natural. Abandonar a casa onde vivi é um sentimento novo, que não consigo arranjar palavras para explicá-lo porque parece que passei lá a minha vida, tornou-se o sitío em que me sinto realmente confortável.
Uma viagem a conter as lágrimas e pensar que irá ser difícil, e só espero ter o suporte que preciso ao meu lado. Aquele silêncio que tanto diz, como nada diz. Deixar o coração e metade da felicidade para trás. Após chegar ao meu quarto e ficar sozinha, desabei sobre mim própria. Todos os sentimentos, as emoções, numa questão de horas e quilômetros ser tudo tirado de mim, sentir-me a voltar aquela gaiola e desta vez ser fechada.
Sei que tenho que ser forte com as forças que não tenho, que preciso de olhar em frente que é apenas um caminho para puder voltar a independência total. Só que é tão doloroso, aqui ainda me sinto mais sozinha e solitária. Tenho imenso medo do futuro, este lugar faz-me duvidar até de mim própria. Só agora começou e, já, estou a fazer um esforço enorme para não cair em desespero ou voltar a ser aquela criança que caiu do abismo.
Faz-me sentir!