O bom no mau ou o mau no bom?
O universo trabalha de formas engraçadas, como lhe gosto de chamar.
Tenho escrito que há dias bons e dias maus, mas os sinais e as "coincidências" continuam a aparecer. Era um pouco cética, mas a verdade é que desde que estejamos dispostos a observar e a viver no presente (mesmo que seja só por uns momentos) e se comece a trabalhar nisso (começando pelos básicos de amor-próprio e desenvolvimento pessoal), o nosso mindset e a visão sobre o mundo muda. Tenho bem noção do quão cliché isto é, e o quão difícil é acreditar nisto na maior parte do dias. Porque há alturas que as minhas palavras valem lixo, e fico a pensar porque raio é que estou com todo este positivismo, se continuam acontecer situações que me arrastam para o meu lado negro... Por isso é que fico abismada de como certas coisas acontecem e se encaixam para me deixar abismada ou dar aquela lição que vou adiando ou ignorando.
O sentimento de solidão tem virado uma constante. Voltar aqueles tempos de relação à distancia de quem ficou, onde adormecia a chorar e com um peso no coração enorme e sufocante. Só que nessa altura tinha os meus amigos que me obrigavam a sair, o conforto de estar em casa, de estar nos quartos que eram as minhas bolhas. Aqui, tenho o conforto mais semelhante que consegui criar no meu quarto. Mas falta-me o resto, não importa se os dias são ou não agitados. Sinto imensa falta das pessoas que faziam parte do meu dia-a-dia, de estar na cidade onde eram poucos os dias de chuva e tinha tudo ao virar da esquina. Sempre me custou um pouco a entender e aceitar que cada um tem a sua vida e a sua jornada e porque quero sempre tentar ajudar, no entanto há coisas que estão fora do meu alcance. Tenho que respeitar, independentemente do que sinta, porque é isso que a vida também me tem mostrado, apesar de querer colocar uma cortina para não ter que confrontar essa verdade.
Aos poucos vou tendo mais respostas das crenças limitadoras, pontos base do desenvolvimento pessoal, desapego e amor próprio que tenho que trabalhar. Não é fácil, custa e doí.
Por isso dar valor ao pequeno, que já tinha significado naqueles tempos, foi reformulado desde que comecei esta jornada. Melhora e dá um pouco mais de cor a um dia cinzento. Bruxelas é uma cidade com um tempo quase sempre cinzento, existem dias em que vem sol mas pelo meio o tempo escurece e vem novamente a chuva e vento. Houve dias em que consegui ver o nascer do sol no seu esplendor de cores e com um sol grande que me enche a alma, outros em que foi o por do sol. Nesta semana: ontem vi o nascer do sol que me veio dar um pouco de alegria e coragem para aceitar e colocar de lado a minha solidão e ansiedade; hoje vi nevar, era mais chuva que neve, mas havia alturas com pancadas de neve a cair que me deixou tão wow, isto é mesmo lindo!, e o chão em alguns sítios estava com neve que dava aquela beleza de paisagem de inverno. Uma das coisas que queria presenciar era ver nevar a cair, mas todas as pessoas me diziam que o inverno estava quente e para tirar essa ideia da minha cabeça, que não iria acontecer. Já vi neve, na Serra da Estrela e no caminho para Budapeste, mas nunca a vi ou senti a cair, era essa beleza da natureza que me faltava.
Não estou bem, mas estou, é por alturas e consoante as emoções que decidem aparecer. E estes pequenos acontecimentos e alinhamentos amenizam as dores, suavizam o dia e alimentam a veia literária.