o dia, a noite
Quando a noite cai, é quando a luz começa a ficar escassa. Todos aqueles pensamentos postos de lado pelo positivismo e mindset melhorado tomam o controlo. Como senão houvesse uma barreira a impedir que o medo tomasse conta.
Durante o dia estou bem, existe coragem, segurança e esperança. Tudo faz sentido, apesar da ironia que me têm levado até este ponto. Planos e planos na minha cabeça. Mas a viver um dia de cada vez, a aproveitar o momento. Não pensar demasiado no futuro, deixar-me ir ao sabor dos acontecimentos e ver no que irá dar. Posso passar o dia sozinha, mas sei que quando terminao sol se põe, tenho alguém que me irá fazer companhia e desvanecer o sentimento de solidão.
Durante a noite, o medo aparece, as inseguranças assumem o controlo. Aquela pessoa do dia desaparece do cenário. Só existem e se's e não sou capaz. Todo o trabalho em redor da minha pessoa deixa de fazer efeito. Não há nada que impeça este lado de tomar conta. A criança indefesa esta de volta, sem ter um ombro onde chorar, um sítio confortável para estar. Nada é colorido, só há cinzentos e pretos. Os monstros voltam, mexem em tudo e fazem as emoções virem ao de cima.
Surge um aperto no peito, a respiração torna-se profunda e incompleta. O corpo treme, as lágrimas surgem no canto do olho. Uma luta na minha mente para não se deixar afundar. Um desespero de me agarrar aquele positivismo que tento construir. Talvez ainda falte aprender sobre o equilíbrio entre os dois, talvez ainda haja imenso trabalho incompleto.
Talvez sejam só desculpas. Da minha mente para enganar o coração ou do coração para enganar a mente. Sair da zona de conforto, enfrentar medos, conhecer o mundo, com algo certo mas incerto. Continuar na zona de conforto, viver no ideal que sempre quis e construí, com algo incerto mas certo.
É aterrorizador, assustador. Uma decisão de vida que não quero ter que tomar.