O estacionamento
Conto de Natal da nossa abelinha.
Um manto de branco cobria o estacionamento. Só os candeeiros à luz das velas contrastava com a escuridão da noite. Um ou outro carro espalhados pelo espaço que já levavam com um manto ligeiro de neve. E no centro um trenó. O vento frio gelado, sons de animais que não hibernaram. Um cenário gélido. Uma pequena cidade abandonada.
As pessoas foram influenciadas a mudarem-se para os grandes centros, deixando as aldeias e pequenas cidades ao abandono. Estas ficaram no esquecimento ou serviam de passagem breve à exploração de um presente distante. Pessoas aventureiras tentavam tornar-se nómadas, voltar a viver da natureza e dar vida ao que foi deixado para trás. No entanto, acabava por se tornar insustentável visto que iria existir uma ligação com a civilização e esta cortava todas as tentativas de escape e retorno.
À procura do pinheiro foi substituída pela procura incansável de presentes. A lareira pelo aquecimento central. A neve e frio por animações 3D. A figura do pai natal por um robo que voava. As reuniões e jantares em pessoa por telas para prevenir demasiados aglomerados. As histórias passaram a ser sobre recordações... A trazerem os velhos tempos,tradições e a misturarem-se com o que passado. Frio e neve lá fora, os dias curtos. Lareira a aquecer e dar luz ao ambiente. Decorações naturais espalhadas, comida preparada na hora, feita com carinho e trabalho de equipa. Chocolate quente com especiarias. Velas e incensos. Azevinho à entrada da porta principal. Celebrar e agradecer.
Envolta em cobertores, é desperta pelas sombras provocadas pela luz da lua cheia. Com a mente aturdida fica no vácuo de não conseguir processar os pensamentos que estava a ter. Uma realidade, uma visão, um sonho, um pesadelo?! O cansaço e o sono pesam perante o breu. Volta a adormecer, aconchegada entre os cobertores, com as brasas da lareira a proporcionarem calor naquela cabana no meio do tudo do nada.