Olá Junho
2 meses para voltar à Portugal, para acabar esta aventura de estar sozinha comigo mesma e ter consciência de como é o mundo do trabalho. Parece que já foi há muito tempo, mas também à pouco porque passou tão rápido, mesmo com uma quarentena pelo meio. E as saudades são cada vez mais e mais, quero estar ao pé das pessoas que amo, dos lugares que me deixam realmente comfortável.
Março foi um mês bastante intenso! Uma nova rotina e uma nova adapatação à rotina, ao trabalho que esta a colocar-me à prova, porque stress e ansiedade decidiram ser os melhores amigos e de vez em quando convidam o pânico para se juntar à festa privada. Um tremendo trabalho interno a acontecer, é uma revolução dentro do meu ser, um despertar que parece lento mas que esta a ir ao centro do meu ser e abanar toda a estrutura. Há muita mudança à nível psicológico e espiritual, que se esta a refletir a nível físico e as minhas crises estão a voltar e a exigirem serem ouvidas e toleradas. Como se fosse fácil e não caísse numa espiral de desespero onde eu própria não sei como contornar.
Continua a ser uma guerra entre querer ficar em casa, porque foram 2 meses e uma pessoa ficou confortável, só que começa a ser duro suportar o silêncio e a falta de conviver, e aproveitar o sol e calor e o tempo de resta mas o mundo lá fora é uma segurança falsa, porque nós podemos estar a respeitar as normas de segurança, mas e os outros...
Ontem foi o último dia da minha colega de casa, hoje ela voltou para Itália. Sei que nos próximos dias vai pesar estar sozinha e não ter aquela companhia ao jantar ou os encontros ocasionais na cozinha para ter conversas profundas sobre a humanidade, sobre o tudo e nada. Para quem me acompanha há mais tempo, sabe que nem sempre tive as melhores experiências a viver com outras pessoas. Apesar das nossa diferenças, ela é uma daquelas pessoas que é tão fácil conversar por ser tão compreensiva, tolerante e já ter tido outras experiências de erasmus. Uma quarentena de quase 2 meses veio colocar mais importância nos encontros sociais pela casa quando a solidão batia forte. Sou mesmo agradecida pelos pequenos gestos.
Junho, será um mês com trabalho em diversas vertentes, retornar à vida neste mundo com novas regras, um acordar espiritual silêncioso mas expansivo. Focada em aproveitar toda e qualquer oportunidade, talvez seja a sede de saber e ver os efeitos de me ir curando. Controlar os sintomas físicos e aprender a lidar novamente com esta ansiedade crescente. E esperar...
Quanta mais compreensão temos sobre nós, mais compreensão temos sobre os outros.