os dias maus
Depressão não é perâ doce. Vêm devagarinho e vai-se instalando. Impedir esse progresso exige energia que é gasta sem tempo para ser resposta. Tanto reprimido, que vai aparecendo. Sentir tanto que vira choro ou sentir nada que busca a dor.
Começar num nível negativo, sempre diferente, passar pelo zero e re-definir a escala. Recomeçar e continuar. Tão difícil quando nada parece certo ou foge do controlo. E o que é o hábito ou possível ser controlado, deixa de existir porque os sentimentos pesados gastam a energia e o desamparo instala-se.
Vazio, ficar a olhar para o ar e viajar para um mundo interior que perdeu a ordem. Irritabilidade constante, fever em pouco água, emocionalidade num nível onde gasta a energia que devia ser para outras atividades. O interesse esconde-se e fica a busca por algo que faça sentir, ou ansiedade pela consciência da situação mas sem capacidade para tomar ações.
Dias maus onde a rotina é excruciante, por isso é mais fácil saltar algumas tarefas (lavar os dentes, organizar a agenda, fazer o jantar, beber água, tomar suplementos, lavar a cara, aplicar cremes, socializar, falar com a familia e amigos), porque a vida têm que continuar e existem coisas as quais não se pode escapar. Aí o peso de ter responsabilidades é agoniante, porque a realidade é que nada esta a funcionar e só aumenta a bola de neve, criando mais problemas que soluções. A ironia é estar tudo nas próprias mãos mas a energia e motivação ser tão baixa ou inexistente, mesmo que o instinto de sobrevivência esteja ativo.
Busca por algo que reanime aquela chama. As ideias estão lá, mas começar é difícil. A mente quer mas o corpo não o permite...