10 min de pôr-do-sol
Sinto a necessidade de chorar, de gritar ao mundo.
Acordei num ritmo lento em comparação ao mundo. O ritual da manhã não fez sentido, senti-me desalinhada e frustrada por não conseguir estar confortável a fazer algo que me deveria deixar plena.
O dia passou a voltar a estar com pessoas que me alegram o coração, a passar um bom tempo. Mas fez com que precisasse de estar sozinha e conectada com a natureza.
O pôr do sol tem um encanto indescritível, é algo mágico, único e diferente em cada dia que passa. É o universo no seu esplendor e esta a proporcionar-nos um pouco da sua energia e mostrar a beleza que esta a nossa volta, se estivermos dispostos a desacelerar, parar e apreciar.
Simplesmente fui. Sentir a areia fria nos pés, mas macia. O vento mais frio da noite a entrar pela roupa arrepiando a pele. Sentar-me na areia a olhar para o horizonte com as ondas a rebentar como barulho de fundo. Ver aquelas cores em tons pastel e laranja enquanto o sol vai descendo e escondendo-se. Olhar para trás e ver a lua a subir no céu com tons de azul e roxo. É indescritível, porque é algo que se sente profundamente. Toda aquela beleza, faz-nos sentir pequenos mas gratos por estarmos naquele momento a apreciar e sentir a energia que vai crescendo ao redor. Obriga-nos a parar e refletir.
A lágrima vem até ao canto do olho, por ser tanta emoção, tanto sentimento acumulado, tanta espera e sem respostas concretas para o futuro. É o confronto entre o positivismo e os medos, as inseguranças, a falta de coragem, o negativismo. É a guerra entre o dia a noite, de como em poucas horas ou minutos o meu ser se transforma. Abraço-me e sinto conforto por me ter a mim mesma, pelo menos. Tem sido uma jornada que me têm ensinado as ferramentas para os desafios que estão a chegar. Sinto-me melhor comigo própria, mas isso não impede que haja dias em que sinta que nada faz sentido, em que tudo corre mal, em que me sinto mal comigo mesma e só existem julgamentos.
Não tenho respostas, não tenho as perguntas certas.
Não tenho nada em concreto, a não ser pensamentos que vão e vêm como as ondas.