quando começa a custar todas as tuas forças e sanidade mental
São 7:30, o despertador toca, abro os olhos e o sol entra põe entre as cortinas. Apenas sinto a necessidade de acordar cedo para aproveitar a manhã, o silêncio e sossego, mesmo com a cidade silenciosa. Talvez seja por causa da rotina que tinha contigo, acordar cedo e aproveitar o nascer do sol. Ou a sensação de conforto do sol entrar e abraçar o quarto, porque acontecia o mesmo nos quartos nas casas partilhadas ao longo dos anos de universidade.
É uma nova manhã, passou mais uma noite a lutar contra a ansiedade, mais um dia longe da sociedade. As saudades são imensas e fazem o coração ficar cada vez mais pequeno, daí tanta mudança de humor. A incerteza está de mãos dadas com a frustração.
Muitos insights, em diferentes momentos do dia. Tudo vai correr bem, é aguentar, "aproveitar o tempo livre" para depois voltar à rotina, aos poucos, e viver o resto da aventura. Aquela sensação de começa a gastar as coisas, vai com tudo sem medos, porque em breve vais ter que fazer novamente as malas e vai ser uma dor de cabeça levar tudo de volta à Portugal. Nestas alturas vem uma raiva, porque para isso já podia ter voltado mas a empresa mandou-nos ficar com esperanças vagas. E agora conseguir arranjar viagem de volta é com preços de gastar mais do que tenho. É desesperante, frustrante, preocupante e deixa a ansiedade sempre pronta a fazer uma festa (como ontem à noite, que fiquei a querer bater no fundo).
Estamos todos no mesmo barco, o sentimentos é geral para todos nós. Temos os dias bons que passam, mas também temos os dias maus onde só apetece bater com a cabeça na parede. Faz-se planos das primeiras coisas que se vai fazer assim que for possível voltar sair à rua sem restrições, as cidades que ainda se quer visitar. Fala-se da possibilidade de sermos mandados embora e como nos sentimos em realação à isso, a injustiça, a má gestão mas a emrpesa também se agarrou à esperança cega que isto iria passar rápido. Estou sozinha, neste quarto já há 10 dias, mas não estou sozinha. Existem as videochamadas, as chamadas, as mensagens.
O que me resta é o conforto de ouvir a tua voz, quando tudo começa a desmonerar, e calma que isso me dá.
És o meu porto-seguro, que me faz lembrar de colocar os pés na terra, ter esperança e confiar.