Memórias perdidas na escrita
Destralhar, andar por entre cadernos e livros, encontrar desenhos e palavras escritas de uma adolescente. Tão habituada a colocar certas máscaras para o mundo ao ser redor, mas que carregava tanta dor, revolta e solidão no coração. Ao reler, sentir a dor, a incompreensão, a revolta, os pedidos de ajuda inaudíveis.
Minha querida adolescente, eu compreendo-te. Não imaginas o que o futuro te reserva. Com pedras no caminho, momentos de cair no chão de desespero, mas com tanta emoção e vivências. Vais encontrar as tuas pessoas, vais ter diferentes estágios de viver sozinha, vais ter as tuas noites loucas, vais viajar, vais passar férias como sonhaste. Vais estar sozinha, aprender e crescer com isso. Vais descobrir o amor nas suas diversas formas, vais redescobrir-te. Vais sofrer, vais transbordar de gratidão. Continua a sonhar e a agarrar-te a essa liberdade, porque um dia irá ser tua e não irás acreditar no que vais viver.
Agora, és ouvida. Agora, não estás mais sozinha. Agora, essa dor vai sendo trabalhada para curar feridas. Agora, és valorizada. Agora, és apreciada. Agora, és amada. Agora, mesmo perante outras dores tens ferramentas, porque és mulher lutadora e selvagem. Estás em contacto com a tua criança interior.