o calor em criança
Lembro-me das noites de verão (em meados de agosto e setembro) quando era criança. Dias abafados, noites quentes e uma casa quente. Acabava por me começar a sentir mal, por isso vinha para a varanda com a minha mãe, o cão e os gatos. O fresco sabia bem e acalmava-me (e só agora entendo que já eram crises de ansiedade ligadas a estímulos externos).
Ficava fascinada a ver os morcegos, a ouvir os grilos e a contemplar o céu estrelado. Do sossego de viver na aldeia que é ouro para a alma. Eventualmente acabava por adormecer, vencida pelo cansaço...
Como tanto mudou em tantos anos. Noites quentes mas frescas, que passaram a abafadas e sem vento. Uma casa com varandas, e agora um apartamento no último piso e de madeira. Dormir no fresco da noite, e ter que chegar ao cúmulo de ir dormir para o chão da casa de banho por ser o ligeiramente menos quente, porque as ventoinhas falham por só existir ar fresco pesado e sem vento.
Hoje é a tentar manter-me acordada e a viver de café. Com o corpo cansado de noites mal dormidas, dores da fisioterapia, de costas do chão e comichão das mordidas dos mosquitos.
Aquela criança nunca poderia imaginar o lugar onde estou e o seu sonho de viver no último andar e sótão no verão, iria acabar por se tornar realidade...e muito mais!