Imóvel. Concentrada na respiração. O corpo pesado mas leve. A mente a correr pelo meio dos pensamentos que sugam energia. 

O corpo fica no presente e a mente fica no limbo onde não existe a percepção de tempo. A mente voa para aquele espaço  infinito, calmo, branco e colorido. Ou transportada para o seu lugar seguro, onde reinam as memórias e sensações de felicidade pura.

Amor incondicional. As respostas às perguntas surgem. Guias aparecem. A viagem acontece. Com um sopro a mente volta a cair no corpo. Formigueiro para despertar o corpo relaxado. Breves segundos para estar no momento presente.

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A sua verdadeira natureza nesse equilíbrio. Uma mulher mulher que provém de gerações de mulheres caladas e oprimidas. Muitos nomes foram atribuídos, bruxas, xamas, curandeiras, ..., hoje carrega com orgulho.

Morava perto da cidade, mas escapava sempre para à floresta. Para se libertar, conectar, cantar, dançar, chorar, rir, estar na quietude da agitação lenta da vida à sua volta. Completar rituais e devolver o que fosse necessário à Gaya. Entre o verde e o castanho escuro. Sentir o ar puro, o som dos animais e plantas. Deitar-se na terra, abraçar uma árvore, sentir as texturas das folhas e plantas na sua pele.

O seu estado selvagem. A mulher a retornar às origens na era moderna.

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"sensação de alivio. sentir a dor da lamina a rasgar a pele. um pequeno corte. em segundos o sangue vermelho começa a aparecer. os minutos que parecem uma eternidade. uma dor reconfortante que vence a dor mental. lentamente vai escorrendo pelo braço. o contraste entre o branco e vermelho. as lágrimas caem sobre os braços. é tanto dentro de mim mesma. grito internamente. liberto pelas lágrimas. renasço pelo sangue."

Aquela entrada no diário era das que mais amava, por mais que trouxesse uma enorme escuridão associada. Essa escuridão que abraçou após anos, e trouxe para a sua arte. Era luz e escuridão em equilíbrio. 

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A paisagem era vasta até onde o olhar conseguia. Perto do horizonte notava-se o formato e a cor escura de montanhas, a contrastar com o verde claro da planície. A manha estava soalheira, um vento suave fazia as ervas dançarem. 

Os cavalos caminhavam calmamente, a usarem o seu instinto para voltar à aldeia. As águias voavam em círculos de alegria, saboreando as correntes de ar. E ele olhava para ao seu redor, a absorver cada pedaço da sua primeira experiência de liderança. O céu e a sua águia, o horizonte e os cavalos selvagens, ao seu redor as pessoas que liderou, o chão e o verde claro das ervas e pequenas flores silvestres. 

Apesar dos constantes desafios e sentir-se meio deslocado, cresceu e lutou bastante para ser o líder da tribo. Esse dia tinha chegado e apesar da face de cansaço, a sua alma estava em pleno, sentia o orgulho dos ancestrais a fluir pela adrenalina que ainda percorria o seu corpo. 

Era só mais meio dia de caminho e estaria de volta à aldeia. Sabia que iria ser recebido pela sua tribo no meio de cânticos e dança, mas os seus olhos iriam procurar a sua amada. Tinha encontrado uma pena de gavião real magnífica que iria oferecer-lhe e pedir o seu coração para crescerem e criarem uma família juntos. Não iria ser só a festa do sucesso da caçada, mas também da união de duas pessoas que partilham atos tímidos de amor. 

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O bloco de post-it amarelo estava perdido numa das secretárias. Ela pega numa caneta e começa a desenhar. E ali acendeu-se um pequena chama, uma outra forma de se expressar, mais uma maneira de mostrar a sua criatividade.

Muitos anos se passaram desde que tinha parado de desenhar e pintar. Foi à sua mãe que lhe passou a paixão, mas ao crescer e a querer ficar sozinha no quarto, essa atividade juntas foi-se esvanecendo e perdida. Num canto do seu quarto continuava os papéis, os modelos, os lápis, as canetas, as aguarelas, tudo a apanhar pó.

Após diversas tentativas chegou a um design final que a agradava. Com o seu perfecionismo não achava perfeito, mas era o melhor que conseguia e estava contente. Escreve o e-mail e envia!

O seu entusiasmo aumenta, a sua esperança cresce... O seu design é o escolhido e é colocado no produto! Por diversão decidiu voltar aos rabiscos e isso levou-a a ter o seu desenho num produto que é comercializado.

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Rosa faz-me lembrar o cachecol que recebi do natal e as palavras do porquê da cor "para te ligares mais ao poder do feminino". Tornou-se indispensável, faz-me sentir confortável e quentinha contra o frio e vento. E é o único rosa no meu armário.

A verdade é que tenho um lado mais masculino do que feminino, pelo ambiente em que cresci, e por só agora estar a perceber o meu lugar na família. Mas o meu lado feminino também esta presente, mais escondido e ainda um pouco reprimido (pelo que dizem).

Rosa da energia de carinho das pessoas que me toleram, rosa das pessoas que me obrigam a sentir e usar mais o rosa, rosa do nascer e pôr do sol, rosa dos donuts do lidl que adoro, rosa mais escuros das rosas do jardim, ...

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Sentados no muro adentro do mar. As ondas batem nas rochas salpicando-os com salitro que tem a ajuda do vento. Meados da primavera, tempo quente, um sol que já aquece, um céu azul sem nuvens. A cor do mar é o reflexo perfeito da mistura das cores azuis do céu. 

Aqueles momentos de presença em silêncio, a ouvir as ondas a rebentarem, a ver as gaivotas a voar e os caranguejos a fugirem nas rochas, a sentir a mistura de calor e fresco de vento na pele.

Ela encosta-se no ombro dele, e olhando de relance percebe um sorriso tímido a surgir. Ri, com todo aquele sentimento de bem-estar.

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Uma laranja, que desde que começou e teve a oportunidade de entrar num novo mundo, sonhava em ser azul. Palavras sinceras do coração foram ditas. E isso levou ao retorno, a uma nova etapa do laranja. Mas continuava a sonhar com o azul, a deixar o seu coração falar e a lutar para isso acontecer.

Num dia atarefado, os colegas azuis da laranja convocam uma reunião, e explicaram a proposta para ser azul, criando um novo lugar para expansão. A laranja fia incrédula e sem palavras, mas era pura felicidade. Sem hesitações, o sim falou mais alto. Segue-se entrevistas com outros azuis, e durante esse tempo manter uma postura de laranja ainda mais empenhada e determinada. Tanta emoção a percorrer as suas veias, sente-se realizada, feliz e que mais uma vez tinha sido o poder das palavras e o seu esforço. O dia de se tornar azul chega, dirije-se à sala e mudam-lhe a cor. E assim ela começa um novo capítulo, onde se sente realizada, capaz e orgulhosa.

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Sente-se a cair. Abre os olhos e estava a flutuar. Um azul escuro, quase parecia preto, mas era azul cobalto. Por uns bons minutos fica embalada na sensação de vazio e não ter peso. A sua mente estava leve, os pensamentos que antes sentia num nó estavam a ficar mais claros. Havia uma luz ténue que transmitia calma com o azul ao seu redor. Com a mente mais leve, alcança o chão. Começa a sentir o seu corpo, a respiração controlada e suave.

Continuava no chão, com o gato ao seu lado. Tinha colocado a meditação que já estava nos seus favoritos para a ajudar aquando dos ataques de ansiedade.

Vê-se a ela própria. Numa falésia com um nascer do sol magnífico, com vestido de azul cobalto semi-comprido ao sabor do vento, o cabelo numa trança. A sentir a erva nos seus pés, vai avançando até à berma. Abre os braços e grita ao mundo tudo o que guarda dentro.

Pés na terra coberta de erva e pequenas flores. Braços envolvidos no tronco espesso e rugoso da árvore, as folhas verde escuro a baterem umas nas outras com a brisa de começo do dia. O fresco do início dos longos dias de verão. Apenas por uns segundos que parecem minutos. Estar presente no presente com a gaya, respirar o ar puro, sentir-lá e agradecer-lhe.

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