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because your smile makes me live ♥

forceful, trusting, connected & discovering the wonders of the universe ✨

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15
Mai25

#5 para 2025

O Fio do Vento - Haru OC

alma de bii yue

Escreve um conto sobre uma tradição de família que é passada entre gerações.

 

Quando era pequena, Haru gostava de acreditar que o vento falava. Não como as pessoas falam, mas como a água sussurra nas margens ou como os galhos das árvores se tocam em segredo. O velho dizia que isso era coisa de “quem escuta com o coração”, e ela escutava com tudo o que tinha.

A tradição começava sempre no primeiro dia em que a lua indicava que era outono, onde as noites ficavam mais longas e o céu parecia suspirar com mais força. 

Não era uma simples história, era um conto passado por gerações. Cada mulher na linhagem de Haru guardava um fio da sua história, entrelaçado com a da anterior, como se todas tecessem uma tapeçaria invisível.

— O vento guarda as palavras que o sangue esquece — dizia a avó — Por isso, ouvimos e contamos.

Na vez de Haru, ela devia ouvir o conto da mãe antes de poder contar o seu, quando essa altura chegasse. Só que naquele ano, a mãe não quis contar. Limitou-se a sorrir, com os olhos cansados e os lábios silenciosos.

— Escuta o vento, Haru, porque ele vai guiar-te.

Foi quando a avó, já com os cabelos quase todos cinzentos e a pele fina como pergaminho, tomou a palavra no lugar dela. 

“— Em tempos antigos, havia uma menina que nasceu entre dois mundos: o do eco e o do sussurro. Ela não pertencia a nenhum, mas ambos a chamavam. Cada vez que o vento mudava de direção, ela ouvia o seu nome. As pessoas achavam que era loucura, mas a família sabia que aquela menina era a portadora dos sussurros, a que guarda os segredos entre os mundos.”

Haru não entendeu tudo na altura, mas guardou aquelas palavras como se fossem um talismã. Às vezes o vento parecia chamá-la mesmo quando não havia brisa alguma. Outras vezes, sussurrava frases inteiras quando ela estava prestes a desistir. Era um conforto estranho, íntimo, um peso que ela aprendeu a viver. 

A avó partiu numa madrugada tranquila, a mãe desapareceu antes disso. E Haru viu os olhos de ambas tornarem-se reflexos baços, como espelhos cobertos de poeira.

 

Haru acordou sobressaltada, era recorrente ter aquela sensação e nunca conseguia diferenciar se era só um sonho ou realmente uma memória. Com o passar dos anos aprendeu a afastar rapidamente as memórias e também as emoções. Só que havia uma força mais forte, um rugido do vento que ela não era capaz de ignorar.

 

Na noite mais fria do ano, como sempre, Haru acendia uma fogueira, mesmo que estivesse sozinha. Preparava o chá com as folhas prateadas que ela mesma colhia e contava a história para si mesma e para o vento.

— Uma menina nasceu entre dois mundos... — começava sempre, com a voz firme, mas o peito apertado. — …e quando o espelho partiu, ela tornou-se a portadora dos sussurros.

Ela contava e com o tempo começou a acrescentar pedaços seus. Pequenos fragmentos de coragem, dor, perda, partes que nenhuma antepassada poderia ter dito, mas que pertenciam à si e aqueles fios invisíveis.

 

Naquela noite em particular, a chuva ameaçava cair e o vento soprava com urgência, Haru falou para o céu com mais força do que nunca. Não havia fogueira acesa ou chá. Era ela de pé numa falésia, com o manto encharcado e os cabelos colados ao rosto.

— Não sei se ainda me ouves, mãe ... Não sei se o vento ainda carrega os meus desabafos ou sequer se fala comigo ou se fui eu que aprendi a falar sozinha ... mas esta é a minha parte do fio.

Fechou os olhos e inspirou profundamente.

— “Houve uma vez uma rapariga que guardava um espelho dentro de si. Um espelho partido e com cada fragmento, ela via uma parte diferente do mundo e de si mesma. Às vezes via esperança. Outras vezes via destruição. Só que nunca via o seu reflexo completo. Até ao dia em que encontrou alguém que não olhou para o espelho ... mas sim para ela.”

A chuva caiu, fria, como premonição.

— Esse alguém ensinou-lhe que não é preciso estar inteira para ser real. Que os fragmentos também são formas de luz. E nesse momento ela escolheu tecer o fio com o que tinha. Não era perfeito, mas era seu.

A rajada que se seguiu quase a derrubou, mas também envolvê-la, como se fosse um abraço tão necessário. 

E Haru soube sem saber como que o fio continuava a ser passado, que a tradição não morrera. Agora, ela era a guardiã da história, a próxima a contar.

25
Abr25

#4 para 2025

Raiz de silêncio - Eriss OC

alma de bii yue

Escreve sobre uma personagem que busca consolo na natureza e encontra algo transformador.

 

Naquela manhã, deixou o Victoria Punk sem dizer uma palavra. Ele estava ocupado a ajustar alguma arma que fazia barulho demais. Ela estava a estudar ervas com uma concentração e brilho nos olhos. Do que a viram sair, ninguém a impediu. Talvez soubessem que ela precisava daquilo. Apenas uma das típicas buscas do sossego que deixou de ter.

 

A capa era arrastada pelo mato que dificultava a passagem, envolvendo-a a cada passo que dava. Eriss afastou mais um ramo com a ponta dos dedos, ignorando os arranhões que deixava na pele. O cheiro a terra molhada envolvia-a, o som da forçar a passagem pela floresta que se tornava densa aumentava. Estava longe da costa, longe do barco, longe de tudo. E era exatamente isso que queria. 

Após o que pareceu começar a estar perdida, há não sabia onde acabava a dor e começava o cansaço. Sentia-se um recipiente a despedaçar-se, cheio de microfissuras invisíveis, prestes a estilhaçar ao menor toque.

 

As árvores começaram a abrir espaço e a luz chegava suave suave entre as folhas altas, expandindo o campo de visão. No centro de um espaço aberto, uma rocha coberta de musgo, e desta, uma pequena nascente brotava uma água límpida, silenciosa.

Sentou-se na pedra e tirou as botas, sentindo a erva abaixo de si. Depois, os punhos e a capa pesada com cheiro a sal e sangue seco. Ficou em camisa, as saia presa ao cinto. Sentiu-se leve e assim que os pés tocaram a água gelada mas perfeita, trouxe-lhe memórias da lagoa natural da ilha onde viveu. Tal como ali, ninguém a chamava. Não havia gritos, ordens, responsabilidades. Só o silêncio.

Fechou os olhos, respirou fundo, e chorou.

Lágrimas que não ardiam, que não pediam desculpa por cair. Não havia ninguém para vê-las. Não precisava de colocar a constante armadura. Era só a floresta.

— Estou cansada — sussurrou, com a voz rouca, esquecida de si própria. As árvores não responderam, mas o vento soprou entre os ramos, como dedos a afagar-lhe o cabelo.

Afundou os pés na água até os dedos ficarem dormentes. Passou as mãos pela superfície e limpou as lágrimas que marcaram o rosto. No fundo da nascente, algo brilhou. Ela curvou-se e mergulhou o braço até ao cotovelo. Tocou em algo liso, quase como metal. metálico. Um medalhão oval do tamanho de uma uva, com inscrições que não conhecia. Não era ouro. 

Sentiu um tremor correr-lhe o braço.

— Que raio…?

O objeto aqueceu-lhe a pele, sem queimar, mas pulsava como se tivesse a própria vida. Ela ficou imóvel, e como tantas outras alturas, uma voz surgiu-lhe na mente, despejando-lhe sensaçõe e memórias que não eram dela.

Chamas. Areia. Uma mulher de cabelos longos a enterrar o mesmo objeto sob as pedras, a chorar. Um juramento silencioso. Protege. Transforma. Recomeça.

Eriss deixou cair o objeto no colo e ficou a olhar para ele com a respiração presa na garganta. Aquilo era estava a chamá-la. Habituada ao seu dom e destino, tocou-lhe com ambas as mãos e escutou. 

O mundo mudou. Não havia dor ou escuridão.

 

Eriss estava de pé num campo aberto, onde o sol brilhava e o vento soprava suave. Vestia uma túnica clara, os pés descalços sobre a relva fresca. À sua frente, uma mulher esperava. A pele morena, cabelo entrançado com penas e contas coloridas, os olhos verdes de um tom impossível.

— És tu, então — disse a mulher.

— Eu… o quê?

— A que carrega feridas no peito, mas ainda assim recusa-se a parar.

Ela não respondeu. A mulher aproximou-se e tocou-lhe o rosto com dedos leves.

— A floresta ouviu-te. Trouxe-te aqui para escolheres. Podes continuar a correr, a lutar, a esconder. Ou podes deixar cair a pele velha. Tornar-te algo novo.

— Não sou boa a… recomeçar.

— Não tens de ser boa. Só tens de ser sincera.

Eriss apertou os punhos. — Já fiz escolhas antes, e continuo a ser obrigada a faze-las. apenas quero parar. 

— E sobrevives-te. Não é esse o verdadeiro poder?

A mulher estendeu-lhe o objeto de novo que agora brilhava como se contivesse o céu estrelado dentro.

— Aceita-o, Eriss. Não como arma., mas como espelho.

Ela hesitou, mas depois esticou as mãos. O objeto dissolveu-se nos seus dedos.

 

Abriu os olhos de novo na floresta. Estava sentada, o corpo arrepiado, mas o coração calmo. Nada parecia diferente, mas tudo também parecia mais claro.

O peso que carregava no peito… não desaparecera. Mas mudou a sua forma, como se fosse possível carregá-lo sem partir-se.

Eriss levantou-se, vestiu-se de novo em gestos lentos. Antes de voltar, virou-se para a nascente.

— Obrigada — disse e o vento respondeu com um sussurro quente.

 

Horas depois, de volta ao ambiente conhecido e caótico do Victoria Punk.

— Onde estiveste? — perguntou ele, franzindo a testa.

Eriss pousou a capa no encosto de uma cadeira.

— Fui procurar um pouco de silêncio.

— Encontraste?

Ela sorriu —Sim, e não só.

Taoleve como entrou, voltou a sair do quarto e caminhou até ao convés. O sol começava a pôr-se, o mar cheirava a promessas.

Ia ao encontro de si mesma.

29
Jan25

#1 para 2025

Ecos de um Novo Caminho

alma de bii yue

Explora um cenário fictício onde um personagem se reinventa no início de um novo ciclo.

(a minha oc, da fanfic que prolonga-se por 1 ano e devia ter acabado, mas é difícil terminar algo que me traz tanto)

 

Eriss Ito não acreditava, propriamente, em recomeços. Para ela, a vida era como um rio que seguia sempre o mesmo curso, e qualquer tentativa de desviar era inútil. No entanto, ali estava ela, prestes a iniciar algo completamente novo, fora da sua área, fora de tudo o que conhecia, fora do seu controlo.

O antigo escritório e relatórios técnicos ficaram para trás. Agora, diante de um espaço amplo, com telas em branco, tintas espalhadas e o cheiro de papel novo, tentava encontrar sentido naquilo que a rodeava. Aceitara um trabalho como assistente criativa num pequeno estúdio de animação independente, algo que jamais imaginou fazer.

Nunca trabalhei com ilustração ou roteiro — disse, hesitante, ao chefe do estúdio, Yasuke.

Melhor ainda. Precisamos de um olhar novo — respondeu, empolgado. — Só queremos que tragas organização e ideias.

Organização, Eriss tinha de sobra. O problema era a criatividade. Passou os primeiros dias absorvendo tudo: os artistas esboçando personagens, os animadores dando vida a traços antes estáticos, os roteiristas discutindo diálogos. Era um caos coordenado, algo que a fascinava e aterrorizava ao mesmo tempo.

O seu primeiro desafio surgiu rápido. O roteiro de um curta-metragem estava bloqueado, e a equipa discutia como resolver uma cena sem perder a essência emocional.

Qual seria o problema lógico aqui? — perguntou, sem perceber que falava em voz alta.

Todos olharam para ela.

Como assim? — perguntou uma das roteiristas.

Quero dizer… qual a causa e efeito da cena? O personagem hesita porque tem medo ou porque não tem informações suficientes? Se é medo, o ambiente pode refletir isso. Se for falta de informações, um detalhe visual pode dar a pista.

Um silêncio seguiu-se à sua fala. Então, Yasuke bateu palmas.

Isso! É disso que estou a falar!

Pela primeira vez, Eriss sentiu que poderia realmente contribuir.

Conforme os dias passaram, envolveu-se mais nos processos criativos. Não desenhava nem escrevia, mas a mente analítica ajudava a resolver problemas narrativos, a estruturar sequências e a encontrar soluções inesperadas. Aprendeu a ver o mundo com outros olhos, a valorizar os detalhes e a reconhecer que criatividade não era só arte, era também estratégia.

E, quando menos esperava, percebeu que aquele novo caminho não era apenas uma fuga do passado. Era uma possibilidade real de futuro.

11
Dez24

História sem Renas

alma de bii yue

Era uma das noites mais frias do Yule em Skaldhus, uma pequena aldeia rodeada por montanhas cobertas de neve e pinheiros que balançavam sob a leve brisa. A aldeia estava iluminada por velas e lanternas, cujas chamas dançavam em harmonia com o vento gelado. No centro da praça, uma fogueira grandiosa aquecia os aldeões, que começavam a reunir-se para a tradicional celebração da época.

No meio da confusão de risos e conversas animadas, a figura de Sigrid emergiu. Anciã e respeitada líder espiritual da aldeia, era conhecida por sua sabedoria e pelas histórias que contava nas noites de Yule. Com o seu cajado decorado por runas, ramos de azevinho e rodelas de laranjas secas, ela subiu numa pequena plataforma improvisada e bateu três vezes no chão. O som ecoou, e o burburinho diminuiu até se transformar num silêncio congelante.

Boa noite, e obrigado por estarem aqui todos — começou Sigrid, a voz firme, mas acolhedora. — É mais uma noite aquecida pelas celebrações, onde partilhamos os laços e sentimentos criados. No entanto, hoje trago uma notícia um pouco preocupante.

Os aldeões entreolharam-se, intrigados. Sigrid respirou fundo antes de continuar, e sentar-se na beira da plaforma. O seu olhar percorria as pessoas, mas focavam-se especialmente nas crianças à frente, que esperavam pelo conto tradicional. 

Recebi uma mensagem dos suspiros que o vento traz. As renas... estão de greve.

Um silêncio incrédulo caiu sobre a multidão. O primeiro a falar foi Sven, o ferreiro da aldeia, que soltou uma gargalhada nervosa.

Greve? Mas como? — perguntou, com o semblante confuso.

Porque nesta história são usadas como um transporte, tal como para nós. Mas há umas diferenças — explicou Sigrid, satisfeita pelos suspiros e sorrisos que apareceram — São mágicas e capazes de voar pela noite adentro. Puxam um trenó carregado de presentes, e tem que os entregar a todas as aldeias deste mundo vasto

As crianças começaram a murmurar entusiasmadas, os adultos cruzavam os braços e partilham sorrisos. Astrid, uma criança aprendiz de carpinteira, levantou a mão.

Mas as renas são bem tratadas? Afinal, elas têm uma enorme resistência e são indispensáveis para percorrer longas distâncias. — perguntou ela, a voz carregada de inquietação.

Sigrid, não consegue conter um pequeno riso de satisfação com aquela pergunta.

— Claro que sim, minha pequena. —  responde, ajeitando a manta de lã que trazia aos ombros. 

 

//

No Pólo Norte, a oficina do Pai Natal estava num alvoroço. Os duendes corriam de um lado para o outro, tentando manter a produção de brinquedos em ordem, mas o clima era de tensão. Na sala principal, o Pai Natal estava sentado na poltrona vermelha, com o gorro levemente torto e a barba despenteada. Diante dele, uma pilha de cartas de crianças aguardava resposta, mas ele não conseguia concentrar-se.

Que confusão, ho, ho… ai, ai, ai! — suspirou ele, olhando para o telemóvel. — Se não resolver isto, metade do mundo ficará sem presentes.

A Sra. Natal, que tinha acabado de preparar bolachas, entrou na sala com uma chávena de chocolate quente.

Querido, precisas de relaxar. Pensa com calma, e vais encontrar uma solução.

Mas como? O trenó precisa das renas. Não há outra forma de voar! — exclamou ele, desesperado.

A Sra. Natal olhou para ele com aquele olhar de quem sabia mais do que deixava transparecer. Sentou-se ao seu lado e apontou para o telemóvel na mão dele.

Por que não usas uma dessas aplicações modernas? Já ouviste falar de Uber?

Uber? — repetiu o Pai Natal, franzindo as sobrancelhas. — Isso não é aquela coisa que as pessoas usam para chamar carros?

Exatamente. Se não tens renas, talvez consigas um carro que faça o serviço.

O Pai Natal piscou algumas vezes, como se a ideia fosse absurda demais para ser verdadeira. No entanto, ele sabia que não tinha alternativas, e não custava tentar. Seguiu os passos, e por fim uma mensagem apareceu no ecrã "O seu condutor está a caminho."

Bastaram algumas horas, e do lado de fora da cabana, um carro preto aproximava-se deslizando pela neve.

Luís, um jovem condutor da cidade grande, tinha aceitado a proposta sem prestar atenção ao destino exato. Apenas notou que era incomum e pensou que alguém talvez estivesse a fazer uma piada.

Quando finalmente chegou ao ponto indicado, ficou boquiaberto. Diante dele estava o trenó do Pai Natal, as luzes mágicas piscando, e ao lado, o próprio bom velhinho.

És tu o Luís? — perguntou o Pai Natal, inclinando-se para olhar pela janela do carro.

Luís piscou algumas vezes, confuso.

Sim... mas o senhor é... o Pai Natal?

Em carne e osso! — respondeu ele com um sorriso. — Precisamos de ajuda para salvar o Natal. As renas estão de greve, e isto foi a única alternativa que encontrei.

Luís olhou para o banco de trás do carro e depois para o trenó.

Mas como vou carregar tudo isso?

Não te preocupes com o trenó — disse o Pai Natal, levantando um saco enorme e pesado, sem qualquer esforço — O saco é mágico, e contém tudo o que preciso. Só preciso que me leves para entregar os presentes.

Luís hesitou. Era absurdo, quase impossível. Mas, no fundo, ele também sabia que era um trabalho, como tanto outros.

Certo, Pai Natal. Vamos a isso.

 

A primeira paragem foi numa pequena cidade. Luís estacionou o carro, e o Pai Natal saltou com o saco às costas. Luís esperou no carro, ouvindo ao longe o som de risos e sinos. Quando o Pai Natal voltou, tinha um brilho no olhar.

Uma entrega perfeita! — exclamou ele. — Vamos para a próxima.

Conforme a noite avançava, Luís começou a sentir a magia daquela missão. Cada paragem era única: uma casa com luzes coloridas, outra com uma lareira acesa e uma árvore decorada com delicadeza. Em cada lugar, o Pai Natal deixava algo mais do que presentes; ele deixava esperança e alegria.

Nunca pensei que o meu trabalho como condutor fosse tão... importante — confessou Luís enquanto dirigia para o próximo destino.

Todo trabalho tem o seu valor, meu amigo — respondeu o Pai Natal. — Esta noite, estás a fazer parte de algo maior.

Luís sorriu, sentindo-se inexplicavelmente orgulhoso. Nunca imaginara que, numa noite de Natal, onde tinha decidido ficara a trabalhar, para conseguir juntar um pouco mais de dinheiro para começar o sue próprio negócio, estaria a ajudar o Pai Natal.

Porém, a tarefa não foi sem desafios. Numa das paragens, o carro ficou preso na neve, e os dois tiveram de empurrá-lo. Noutra, um cão farejou o saco mágico e começou a ladrar, quase revelando o segredo ao dono. Apesar disso, conseguiram superar tudo com trabalho em equipa e boa disposição.

 

Finalmente, ao raiar do dia, chegaram ao último destino. Luís estacionou o carro, exausto, mas satisfeito. O Pai Natal voltou ao veículo depois da entrega final, com um sorriso cansado, mas triunfante.

Conseguimos, Luís! Salvámos o Natal.

Luís olhou para o horizonte, onde o céu começava a clarear, e sentiu uma mistura de alívio e nostalgia. Nunca esqueceria aquela noite.

Foi uma honra ajudar, Pai Natal.

Foste incrível, meu amigo. — O Pai Natal tirou algo do bolso e entregou a Luís. Era uma medalha dourada, brilhando como se fosse feita de luz. — Um pequeno presente para te lembrares desta noite.

Luís pegou na medalha e leu a inscrição: “Ao condutor mágico de todos os tempos.”

Obrigado, Pai Natal. Isto significa muito para mim.

O Pai Natal acenou e, com um último “Ho, ho, ho!”, desapareceu num lampejo de luz dourada. Luís ficou ali por um momento, a olhar para o céu vazio, antes de voltar para o carro. Sentia-se diferente, como se tivesse vivido um sonho que, de alguma forma, era mais real do que qualquer outra coisa.

 

 

De volta à aldeia de Solstício, Sigrid terminou de contar a história aos aldeões. A fogueira agora era apenas brasas, mas o calor das suas palavras mantinha o espírito vivo.

Então, vejam, mesmo sem as renas, o Pai Natal encontrou uma solução. E sabem porquê? Porque a magia não está nas renas, nem no trenó. Está na vontade de fazer a diferença, na bondade e na ajuda mútua.

Os aldeões explodiram em aplausos. As crianças, inspiradas, começaram a dançar ao redor da fogueira, e os adultos levantaram canecas de hidromel para brindar àquela noite mágica.

21
Out24

Conto criativo para o mês de Kintober

Conhece o teu lugar mulher - baseado no ship Zorobin de One Piece

alma de bii yue

A minha escrita anda focada em histórias com base em personagens ou universos alternativos, mas com uma boa pitada de literatura erótica. É o que faz a minha alma ficar em fogo. Fica aqui uma partilha que é tudo menos convencional. 

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18
Set24

#9 para 12 meses de 2024

alma de bii yue

Vai até a estante, fecha os olhos e pega o primeiro livro que tocares. Abre o livro numa página aleatória, lê a primeira frase completa dessa página e usa-a como inspiração para uma cena.

 

  • "She stopped it when the videos began.", do livro Naked in Death, J.D.Robb.

 

O som das vozes abafadas pela estática congelou Madalena no lugar. No ecrã que tremia da estática, uma mulher jovem olhava para a câmara, o rosto marcado por medo e desespero. Uma lágrima escorria pela sua cara enquanto dizia algo inaudível antes do ecrã piscar e mudar para outra gravação — um homem agora, também preso ao mesmo destino.

Madalena afastou-se do computador, o coração a bater forte no peito. Aquilo não estava nos ficheiros que ela esperava encontrar. A missão era simples, invadir o sistema de uma cooperativa poderosa a fim de reunir provas de desvios de fundo. Contudo, os vídeos comprimidos numa pasta nomeada “Projetos Especiais”, revelavam algo muito mais sombrio.

Ela sentiu o estômago a revirar, suores frios começavam a percorrer o corpo, mas a curiosidade superava o medo. Precisava de saber mais.

Segurando o headphones com as mãos trémulas, liga para Alex, o seu colega neste trabalho meticuloso.
"Encontrei algo" disse, com a voz rouca. "Não sei o que é, mas... é suspeito num mau sentido. Muito mau."

"Define 'mau', Madalena" responde Alex, o tom calmo a tentar mascarar a tensão que sentia ao interpretar aquelas palavras.

"São... pessoas. Testemunhos. Parecem... forçados. É como se estivessem a confessar algo ou... a despedirem-se."

Alex fica em silêncio por um instante, mas quando fala novamente, a voz é baixa, que ela precisa de colocar pressão nos headphones para ouvir. "Sai daí. Agora. Seja lá o que for, não és a única que sabe disso. Desliga tudo."

Madalena olha para o monitor, onde o vídeo de outra mulher começava. Era mais velha, os olhos cansados, mas preenchidos por uma raiva que quase ultrapassava o medo. Ela abriu a boca para falar, mas o som foi interrompido por um estalo atrás dela.

O silêncio no pequeno escritório é interrompido pelo leve clique de uma arma a ser destravada.

Levanta-te devagar” diz uma voz masculina, num tom calmo e firme, "com as mãos longe do computador."

Madalena levanta-se, os pés hesitantes enquanto empurram a cadeira, e olha por cima do ombro. O homem que a encarava era alto, vestia um fato preto, mas os olhos eram sem vida e não mostravam um pingo de compaixão. A arma não estava propriamente apontada para ela, mas como aviso que um movimento em falso, a vida dela poderia acabar ali.

"Viste algo que não era suposto" disse ele, inclinando a cabeça. "Se queres voltar para os teus gatos, vais apagar esses ficheiros, abandonar o caso e não olhar mais para trás."

Madalena respira fundo, lutava contra o pânico começava a ameaçar o seu raciocínio. Ela tinha que pensar rápido. O corpo tremia sem controlo, a respiração era rasa, era visível o medo nos olhos. 

"Ok" disse ela, baixando lentamente as mãos, "Vou apagar tudo. Posso?", ela aponta para o computador com o olhar e o homem aponta para a cadeira em resposta positiva. 

Volto a sentar-me na cadeira e puxo-a contra a secretária, e sinto-o a respirar atrás de mi, quase que colado no meu pescoço. Nos segundos que a minha mão ia ao encontro do rato, e os dedos do teclado, a minha mente corria com ideias de como sair daquela situação viva, mas sem apagar os ficheiros. Havia uma chance — pequena, mas poderia ser possível. 

Antes de desligar a chamada com o Alex, e ser surpreendida por aquele homem, tinha começado a transferência de ficheiros para um servidor remoto que era controlado por Alex. Ela só precisava de ganhar alguns segundos. 

Se estas a pensar fazer alguma peripécia, nem tentes” avisa o homem, os olhos fixos nela.

"Não vou" disse Madalena, digitando um código com as mãos a tremer, apesar do autocontrolo que tentava ter, "Só quero acabar com isto e sair viva."

O som familiar de transferência completa soa nos headphones pendurados ao pescoço dela. Com um gesto rápido e exagerado, ela carrega na tecla de delete. Desligou o computador, seguido pelo monitor. A luz da tela apaga-se e deixa o escritório iluminado apenas pela luz do corredor.

"Pronto" disse ela, afastando-se da mesa, "Esta feito!"

O homem analisa-a por um momento, depois faz sinal com a arma, "Sai!"

Madalena obedece, sente o suor a escorrer pelas costas enquanto anda devagar até a porta. Assim que a passa, o homem fechou a porta atrás dela com um clique pesado.

Ela correu. Como nunca correu. Corria pela sua vida. Corria por aqueles corredores pela memória. Continuava a correr, mesmo quando a respiração já se tornava dolorosa. Continua a correr até estar afastada pelo menos duas ruas à frente. 

Encostada contra a parede, bate com os punhos e deixa-se cair no chão. Os pulmões doíam e imploravam por ar. Ria pela adrenalina, chorava pelo medo que sentiu. Foram longos os minutos até conseguir recuperar o fôlego, acalmar-se e assimilar o que tinha acabado de acontecer. Levanta-se, arruma as roupas, e limpa as lágrimas que ainda corriam pelo rosto. 

Ela continuava com esperança. É invadida por um senso de justiça, que a faz caminhar em passos largos até ao ponto de encontro combinado com Alex. Confiava, que ele tivesse recebido os ficheiros e estivesse pronto a fugir. A única coisa mais assustadora do que o que ela viu nos vídeos, era imaginar o que essas pessoas fariam para manter aqueles segredos enterrados.

09
Jan24

Desafio 12 meses para 2024

alma de bii yue

Não gostando de admitir, em 2023 não consegui cumprir com o desafio de escrever sobre um tema todas as semanas. Mas esta tudo bem, foi o que foi, e forçando o que estava a colocar um peso a mais, não seria o melhor.

Por isso este ano, decidi que em vez de ir pelas 52 semanas, vou pelos 12 meses

  1. Escreve um pequeno diálogo entre dois personagens a cada duas linhas. Escreva o que eles realmente estão pensando em itálico entre cada linha do diálogo.
  2. Coloque a sua personagem na cama a adormecer sozinho. Escreva cada pensamento que passa pela sua mente. 
  3. A sua personagem está numa uma estação de comboios. O seu olhar cai sobre uma pessoa com quem têm um relacionamento complicado. Não há como a sua personagem evitar essa pessoa e ela a detecta. O que acontece depois?
  4. Escreva sobre o que o impede de escrever.
  5. Escreva sobre o que não podes esquecer.
  6. Escreva ao redor de "Ela estava naquele momento específico de sua vida em que cada estranho que via na rua a lembrava de alguém que ela uma vez amou/odiou/perdeu.".
  7. O que não consigo esquecer...
  8. Eu costumava ser …. mas agora eu ….
  9. Vá até a sua estante, feche os olhos e pegue o primeiro livro que tocar. Abra o livro em uma página aleatória, leia a primeira frase completa daquela página e use-a como inspiração para uma cena.
  10. Descreva uma pessoa que você ama sem detalhes típicos, como cor do cabelo ou formato do corpo. Em vez disso, descreva como eles se movem, como suas expressões mudam, como usam as mãos. Descreva como eles soam – risos, frases favoritas.
  11. Escolha uma foto de notícia aleatória. Descreva a cena com 5 palavras, depois 10 palavras, depois 20 e depois 40. Inverta o processo. O que você percebe?
  12. Escolha três pesquisas recentes no Google ou três músicas ou fotos que sejam significativas para você. Em seguida, escreva um parágrafo sobre cada um. Surgem alguma conexão interessante?

 

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biiyue
uso as palavras e imagens para me expressar. a jornada de desenvolvimento e cura pessoal é a luta e motivação para descobrir do que mais sou capaz.
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