tradição prometida
A madeira na fogueira estala com o calor das chamas, que aumentam e diminuem com as correntes de ar da chaminé. Porta entre aberta, enquanto é tudo movido para dentro de casa. Os dias são curtos, mas com imensa luz, pelo que dá para aproveitar para ir ao bosque reunir mantimentos para os dias que se avizinham.
Tudo organizado na cozinha e com a casa limpa, chegou a hora de começar os rituais de enfeitar a casa e construir um ambiente acolhedor para passar as próximas 24 horas acordada. Uma tradição que se perdeu em tempos remotos, mas que ao encontrar um diário de algumas gerações passadas, tinha chegado a hora de voltar a re-introduzi-la.
Começa por pegar em vários ramos de viscos e amará-los com um fio preto e coloca na porta para o exterior. Monta a árvore branca e começa a enfeitá-la com bolas e pinhas, que tinha apanhado mais cedo. Pega em pedaços de cartão e papel e escreve as suas próprias mensagens para a época festiva (para agradecer, para manifestar, para se relembrar). Com ramos constrói uma estrela, enquanto canta ao cinco elementos.
O sol deu lugar à lua crescente, trazendo a escuridão da longa noite. A luz proveniente da lareira já não é suficiente, vai acendendo velas e espalhando-as pela casa. Horas foram passando entre as decorações e preparar-se um bom jantar. A água a ferver desperta-a daquele ambiente, prepara o seu chá de gengibre e vai sentar-se na mesa de centro da sala pegando no diário de veludo.
"A noite mais longa do ano chegou e as colheitas deram os seus frutos. Com o frio recolho-me para honrar e gratular estes últimas estações. Tradições congeladas no tempo que agora trago ao sol da vida, um sono profundo onde a espera acabou. Sopro ao cantar, acordando as deusas em mim e trazer a claridade necessária.
Nas próximas horas é para dar asas à imaginação, no ambiente acolhedor que sonhei enquanto criança. Mesmo que não seja perfeito, a intenção esta presente, e agora sei que é possível. Realidades que se constroem, perante as alegria e os desgostos, com bravura e sem perder a esperança. Aprender a valorizar e ser valorizada. A balança da vida."
Mais um ano de contos que chega no dia natalício.