Túnel de solidão
Aquele aperto no coração, aquele espaço vazio que grita para ser preenchido, distraído.
Aquela força que se esvazia do corpo e o que fica é apenas a dor de sentir e pensar demasiado.
Aquele choro que teima em querer brotar, mas é engolido porque queremos continuar a demonstrar que somos fortes quando estamos um autêntico caco.
Aquela chama que vai se apagando aos poucos, mas não morre porque, por mais pequena que seja, ainda é alimentada por esperança.
Sempre fui uma pessoa solitária, filha única, mas acabei por me habituar a entreter durante criança com as coisas mais banais. Durante 18 anos isso resultou mas a vinda para a universidade fez me olhar para o mundo de uma maneira diferente. Essa solidão tornou-se mais intensa, mais dolorosa, mais profunda.
Uma pessoa pode sentir-se sozinha mesmo estando rodeada de pessoas, na minha opinião o stress, responsabilidades, preocupações do dia-a-dia, fazem-nos fechar sobre nós próprios, queremos isolar-nos! Por vezes quando estamos com as pessoas de quem gostamos queremos sair dali e ir para o nosso canto porque naquele momento a nossa mente esta noutro lugar, porém quando estamos sozinhos, queremos viver novamente aqueles momentos para aproveitá-los da maneira que não fomos capazes. Os sorrisos, as gargalhadas, os abraços, as brincadeiras parecem distantes mas temos noção que vivemos aqueles momentos e do quão bem souberam. O túnel da solidão abate-se novamente sobre o corpo cansado do dia-a-dia e a sensação persiste até vir um novo dia e novas oportunidades de tentar escapar.
Não é fácil abstrairmo-nos desta nuvem negra que nos persegue todos os dias, existem dias em que o sol consegue passar, outros não. Há que tentar ver a luz por detrás das nuvens, podemos sentir-nos sozinhos mas no fundo não estamos, são o turbilhão de sentimentos e emoções a baçarem-nos a vista. Encaramos o mundo sozinhos, quando não temos que o fazer!